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MÍDIA NINJA – UM ÉPICO DA INTERTEXTUALIDADE

12-08-2013
Postado por Margarete Schmidt em Comportamento

A sensação de que já passava da hora de termos uma produção de notícias sem cortes, sem edições e com neutralidade acabou cunhando espaço para a eclosão da chamada mídia Ninja (sigla que se refere a Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação). Os Ninjas, para além do imaginário que esse nome desperta, passaram a ser descritos como os verdadeiros olhos da população. Ainda que eles não utilizem tecnologia ou equipamentos competentes como os das grandes redes de TV, têm conseguido tornar os fatos públicos mantendo em mãos nada mais que smartphones, câmeras domésticas ou simples notebooks. Em geral, eles extravasam suas narrativas por meio das mídias sociais e, com isso, estão conseguindo ser imensamente mais ágeis e realistas que as formais corporações midiáticas brasileiras. Com eles, temos a chance de sabermos de tudo ou quase tudo aquilo que acontece nas ruas, bastando para tal um clique e uma conexão 3G. O esvaziamento da mídia de massa e a rejeição à pasteurização do conteúdo já dão sinais de que o jornalismo linear está prestes a sucumbir e de que a intertextualidade passará a ser a nova motriz da informação.

Até o momento, não existem grandes questionamentos acerca de vieses ou da possível falta de credibilidade nas matérias geradas pelos Ninjas. Pelo contrário, a sua liberdade de informar já vem sendo eleita como a mais verdadeira cobertura dos movimentos que tomaram as ruas brasileiras desde junho último. Nesse caso, só nos resta perguntar: essa hipertextualidade comum à narrativa Ninja sobreviverá como um capítulo do jornalismo verdade, ou sucumbirá mediante o primeiro financiamento ou patrocínio que esse grupo receber?

Se o futuro da mídia Ninja é incerto, uma evidência existe:  todos nós já fomos alçados à condição de coprodutores de conteúdo. Produzimos, reproduzimos, comentamos e também multiplicamos aquilo que enxergamos, aquilo que percebemos e aquilo que pensamos. De certo modo, cada um de nós passou a ser um Ninja ao seu modo. Aqueles que já depositam seu olhar nas brechas, nas vielas, nas entrelinhas e nos subterfúgios que figuram por aí a céu aberto já conseguem, com um mínimo esforço, produzir conteúdo rico. Desse modo, fica claro que, para mudarmos de vez a nossa realidade, precisamos fazer uso mais intenso de nosso senso crítico e da intertextualidade que nos é tão acessível nesses tempos de 3 ou 4G. Para mudarmos nossa realidade, precisamos assumir o Ninja existente em nós. Mesmo sem balaclavas, precisamos saltar os muros para realmente enxergarmos, criticarmos e alterarmos o mundo que nos rodeia. Fica o convite.

Margarete Schmidt, sócia da Innovare Pesquisa de Mercado e Opinião e gestora dos projetos qualitativos da empresa, é autora desse texto, exclusivo para o Blog da Innovare.

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