A oposição ao governo Dilma tende a ser a cada dia mais intensa, seja ela no Congresso Nacional, na mídia e, maciçamente, junto à opinião pública brasileira. Como revela a última pesquisa do Data Folha, os índices de popularidade do governo federal nunca foram tão baixos. Hoje existem duas grandes hipóteses sobre o futuro do governo. A primeira é a de que, no horizonte institucional de hoje, é pouco provável que o mandato seja abreviado, com facilidade, pela via do impeachment; confirmada essa hipótese, a oposição tentará levar o governo Dilma à exaustão, apostando na manutenção dos péssimos indicadores da economia, na perda do controle de deputados e senadores da base aliada e com a possibilidade real de derrotas importantes nas votações do Congresso Nacional, no aprofundamento da Operação Lava Jato para além da Petrobrás com a prisão de outros empresários e, pelo que tudo indica, de muitos políticos ligados ao governo. A segunda é a de que, nos bastidores políticos de Brasília, a discussão sobre o impeachment, ou mesmo sobre uma possível renúncia da Presidente, encontra-se avançada e que o grande problema passa a ser qual seria a saída política, institucional e societária para o dia seguinte. Aliado a tudo isso, teremos a possibilidade de manifestações no dia 16, que até o momento não conseguiram muitas confirmações de participação nas redes sociais – mas ainda faltam seis dias, e não sabemos antecipar com muitos dias de antecedência o poder de viralização nas redes sociais e do recrutamento da oposição e da mídia.
O que não falta é agenda negativa para o governo Dilma.
Se perguntarmos para 100 analistas se existe a possibilidade de recuperação do governo, seguramente 99 dirão que não. O exemplo da espantosa recuperação de Lula após as revelações do mensalão, com a vitória eleitoral em sua reeleição, não se adequa aos momentos atuais. Para Dilma seria necessária uma rápida recuperação econômica, a pacificação da base aliada e, principalmente, a recuperação da imagem e avaliação positiva do governo, perdida de forma vertiginosa poucos meses após as eleições. Dado o grau de complexidade dos desafios do governo Dilma, existe hoje um grande consenso sobre a incapacidade de reversão do quadro.
Dilma só conta hoje com uma variável ao seu favor – o tempo existente até 2018 – e a ele deverá se agarrar com todas as forças. Durante o mensalão, não existia uma terceira hipótese que indicasse a possibilidade de recuperação da imagem do governo. Nessa época, a avaliação do PSDB era a de que Lula iria sangrar e chegaria morto às eleições. Essa parece ser, de acordo com recente entrevista de FHC, a mesma tendência de análise do principal partido de oposição. Naquele momento, o tempo foi favorável para o governo Lula e para o PT; em relação ao governo Dilma, só saberemos mais tarde.
Em caso de manutenção do mandato de Dilma, a atuação da oposição parece óbvia e, por isso, precária. Está longe de revelar uma estratégia eleitoral realmente competitiva para 2018. Antes de 2018, teremos em 2016 as eleições municipais. Ao contrário do que muitos pensam, são nos municípios que as derrotas e as vitórias eleitorais são desenhadas, é neles que nascem e são mantidas as candidaturas de deputado estadual e deputado federal. Nessa esfera, o PSDB e os partidos da oposição possuem um grande desafio. Mesmo tendo perdido as eleições com uma pequena diferença de 3,4 milhões de votos, o PSDB não deve esquecer que foi votado maciçamente em cidades de grande porte e regiões metropolitanas do Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Na grande maioria dos municípios brasileiros, o partido foi derrotado. Para ser competitivo em 2018, precisa repetir o mesmo desempenho e abrir novas fronteiras eleitorais, principalmente nas Regiões Nordeste e no Norte do país.
Não estamos acostumados a analisar as eleições levando em consideração os pequenos e médios municípios brasileiros. Vejamos, no quadro abaixo, levando em consideração 5.445 cidades, a eleição sob outra ótica: quantas cidades foram governistas e oposicionistas no segundo turno das eleições de 2014.
Dilma obteve 51,64% dos votos válidos e venceu em 63,8% dos municípios brasileiros; o PSDB obteve 48,36% dos votos e venceu em 36,2% das cidades. Os programas sociais do governo do PT ajudam a explicar o mapa da distribuição dos votos, mas não são suficientes, principalmente quando se leva em consideração o desempenho da candidata Dilma nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Hoje a base aliada, mesmo que em guerra com o governo, detém o poder municipal em 3.898 municípios; dezenove partidos da base aliada controlam 2.239 cidades, o PMDB, 1.024, e o PT, 635. PSBD e outros partidos de oposição que podem compor hoje uma aliança possuem controle de 980 cidades. Partidos de oposição que não fariam, pelo menos nesse momento, parte de uma aliança com o PSDB possuem controle sobre 567 prefeituras.
Não existe nenhuma razão para acreditar em uma mudança, em 2016, do mapa eleitoral municipal. O PMDB, se mantiver o mesmo desempenho eleitoral de 2012, manterá o controle de quase 20% das cidades brasileiras, não sobre a mesma proporção de eleitores. De qualquer forma, terá papel central no processo sucessório de 2018, seja na base aliada do governo ou migrando para a oposição, mas dificilmente lançando candidato próprio. Utilizando o mesmo raciocínio, PT e PSDB se equivalem, o primeiro com o controle de 635 cidades e o segundo com 702 – para ambos haverá uma mesma necessidade de negociar com 3.175 municípios que estão sobre controle de mais de 20 partidos. Não existe, e parece pouco provável mudar em 2016, um partido com grande capilaridade e força eleitoral na esfera municipal, capaz de fazer sozinho uma grande diferença nas eleições de 2018. Assim, PT e PSDB estão condenados, em caso de vitória, a um governo de coalização com um grande número de partidos políticos.
O desafio para o PT será o de repetir o desempenho eleitoral de 2012, quando o cenário para o partido era muito mais favorável. As candidaturas municipais do PT sofrerão intensamente os danos de imagem e reputação advindos da Operação Lava Jato.
É sempre bom lembrar que a eleição de 2018, com Lula ou sem Lula, com Aécio ou sem Aécio, passa por todos os aspectos de natureza macro aqui discutidos, mas também, e principalmente, pela eleição municipal de 2016. Política se faz com partidos fortes.
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