Mais de 70% dos cariocas consideram que a segurança pública piorou no último ano no Rio de Janeiro, mostra pesquisa da organização não governamental (ONG) Rio como Vamos. Os dados revelam que a política de pacificação do governo do estado é reprovada por quase metade da população. O levantamento foi feito em junho, com 1.417 moradores de todas as classes sociais, e abordou outras questões, como o principal problema das praias e a administração pública.
De acordo com o levantamento, as classes mais favorecidas reclamam dos roubos de rua, enquanto as classes C e D têm medo de bala perdida. Para a coordenadora da ONG, Thereza Lobo, os confrontos e arrastões nas praias são experiências que fazem a diferença nas respostas dos cariocas. “A percepção do morador vem junto com o que ele está se defrontando no dia a dia. Quando você tem arrastões na praia, isso afeta o cidadão. Os confrontos maiores se dão em locais com moradores de nível de renda mais baixo”, afirma.
A pesquisa mostra ainda que o sistema de unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) é ruim para 41% dos cariocas – 21% se mostraram otimistas sobre o funcionamento das UPPs nas comunidades. Os moradores dos locais que receberam o programa de pacificação veem hoje mais efeitos negativos do que positivos, como o aumento de roubos e a ameaça de criminosos nessas áreas – crescimento de 12% e 11%, respectivamente, em relação à pesquisa feita em 2013.
O trabalho levou em consideração a opinião dos cariocas sobre os principais problemas das praias. Para os entrevistados, assaltos e furtos são as questões mais recorrentes e a preocupação nesse quesito cresceu “consideravelmente”, segundo Thereza, passando de 16% em 2013 para 69% na pesquisa deste ano. A sujeira da areia e a baixa qualidade da água do mar são os outros problemas apontados pelos entrevistados – 22% e 18% respectivamente.
A população avaliou a administração pública municipal – 19% consideram o segundo mandato do prefeito do Rio, Eduardo Paes, de forma positiva. e 44%, ruim ou péssimo. Entre aqueles que avaliaram a gestão como boa ou ótima, 31% são da classe A, 22% da classe B e 14% das classes C e D.
Lançado em agosto de 2007, o Rio como Vamos faz o levantamento de dois em dois anos da percepção do carioca sobre a cidade. Segundo a presidente da ONG, Rosiska Darcy, a entidade encaminha os dados levantados para os gestores públicos, com o objetivo de cobrar melhorias nas áreas criticadas pela população.
Estudos anteriores já haviam apontado uma tendência do povo carioca a apoiar a desmilitarização da polícia, e um levantamento mostrou que os policiais do Rio de Janeiro trabalham sob fortes condições de stress.
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