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ANALISANDO AS ELEIÇÕES #19: O QUE VAI ACONTECER DOMINGO?

23-10-2014
Postado por Milton Marques em Palavrizar

Estamos a somente 72 horas das eleições, e ninguém de bom senso pode dizer com precisão qual será o resultado da eleição presidencial. Nesse curto intervalo de tempo que nos separa das urnas, existe um grande espaço para alterações significativas nos possíveis cenários. O que temos de importante até lá:

1-      ainda temos pelo menos dois dias de campanha eleitoral em que o eleitorado pode alterar a sua intenção de voto. É bom lembrar-se do primeiro turno; nele, os últimos dias de campanhas foram decisivos para a ida de Aécio Neves para o segundo turno e determinou uma quebra na expectativa de votos de Dilma. Com um cenário de disputa acirrada, mostrado pelas pesquisas, os números indicam um pequeno favoritismo para a candidata Dilma; no entanto, ainda não podemos considerar a eleição como resolvida. Todo cuidado será pouco, estamos em uma eleição cheia de acidentes e incidentes;

2-      teremos na sexta-feira o debate na Rede Globo, que pode, e muito, alterar o comportamento dos eleitores indecisos e, até mesmo, de eleitores com voto definido. Será com certeza um debate tenso e quase definitivo para as pretensões dos dois candidatos;

3-      em 1989, quando Collor e Lula se enfrentaram, havia o cenário parecido de disputa palmo a palmo, e dois fatores contribuíram para a vitória de Collor: o debate da Rede Globo – com suas repercussões – e uma votação extraordinariamente forte vinda do interior de São Paulo. Na eleição de 2014, a situação pode assumir certas semelhanças: para ser vitoriosa, a candidatura Aécio dependerá do volume de votos que ele conseguir nos Estados de São Paulo e de Minas Gerais. Somente uma votação expressiva no Sudeste poderá fazer frente ao volume de votos que Dilma terá no Nordeste e no Norte;

4-      não acredito na eficácia de denúncias ou revelações de última hora. Os candidatos sabem que elas são perigosas, seus efeitos positivos são duvidosos, e os negativos representam uma grande ameaça. Contudo, os marketeiros de plantão estão a pensar no assunto; assim, fiquemos preparados para jogadas extravagantes, principalmente se as pesquisas apontarem uma maior abertura de vantagem de um candidato em relação a outro;

5-      até sábado teremos a publicação de várias pesquisas de intenção de voto. Elas não alteram o comportamento do eleitorado, mas interferem nas estruturas de campanhas e, principalmente, na militância política. Caso um dos candidatos abra uma frente significativa, a campanha do adversário perderá motivação e irá de cabeça baixa para o dia da eleição, mesmo sendo uma eleição apertada;

6-      não sabemos qual será o impacto, no volume de votos dos candidatos, dos votos brancos e nulos. Hoje as pesquisas indicam cerca de 6% de eleitores com intenção de votar branco ou nulo. Sabemos que esses números serão mais elevados quando os votos forem apurados;

7-      temos também cerca de 4% de indecisos. Esses valores são encontrados para as perguntas de voto estimulado. É bom lembrar que esses percentuais podem chegar a mais de 10%, quando estamos analisando a intenção de voto espontânea, ou seja, considerando somente os votos já definitivamente cristalizados. Estamos falando de algo em torno de 15 milhões de eleitores, que, ao serem perguntados sobre em quem pretendem votar, respondem “não sei e não resposta”. As campanhas dos candidatos já possuem informações sobre as tendências desses eleitores, mas esses são dados não publicados, ou não analisados, por alguns institutos de pesquisas;

8-      finalmente, não sabemos ainda qual será o efeito da abstenção no próximo domingo. Em minha longa jornada de pesquisador – já se vão quase 30 anos –, já pude acompanhar efeitos muito variados causados pela abstenção. Estamos diante de outro dado não publicado pelos institutos de pesquisa, mas não significa que não façam a pergunta, que é o grau de certeza que tem o eleitor em relação ao seu comparecimento para votar. Se pensarmos que na média teremos cerca de 20% do eleitorado – aproximadamente 28 milhões de eleitores – não comparecendo às urnas, teremos a noção exata da incerteza que afeta qualquer tipo de previsão em cenários de disputa acirrada. Mesmo não tendo uma regra geral, a abstenção tende a ser um evento desigual em função das características socioeconômicas dos eleitores, a probabilidade de abstenção é maior junto aos eleitores mais velhos, mais pobres, moradores de áreas mais periféricas e rurais. Por região geográfica, no primeiro turno, a abstenção média encontrada para as grandes regiões brasileiras não variou muito, somente na Região Sul ela foi menor. Abstenção é um efeito cujo resultado só se saberá no dia da eleição.

No fritar dos ovos, para Dilma perder a eleição, levando-se em consideração os resultados das pesquisas publicadas até hoje, dia 22, Aécio terá de abrir uma vantagem de um pouco mais do que 10 milhões de votos, principalmente na Região Sudeste. Dilma também perderia a eleição caso exista uma forte combinação de fatores, como: aumento da vantagem de Aécio na Região Sudeste e aumento da abstenção e de votos brancos ou nulos no Nordeste e Norte do país. E, ainda, Dilma perderia a eleição caso se consolidasse de forma sistemática  a transferência de voto para Aécio Neves, dos eleitores de Marina Silva, nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará.

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