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ANALISANDO AS ELEIÇÕES #11: É POSSÍVEL A VITÓRIA DE MARINA SILVA?

29-08-2014
Postado por Milton Marques em Palavrizar

No dia 13 de agosto, logo após a notícia do acidente com o jato de Eduardo Campos, publicamos: “A política apresenta diversas formas de tragédia. Uma delas é a lamentável morte do candidato Eduardo Campos no acidente aéreo de hoje. A outra será a completa mudança na forma e conteúdo do drama sucessório. Esqueçamos tudo o que foi a eleição até agora, uma nova realidade surge”.

No dia 18 de agosto, publicamos: “Para o PT e Dilma, os últimos acontecimentos parecem um grande pesadelo. Com efeito, pela primeira vez estão em segundo lugar na simulação de segundo turno. Enfrentar Marina Silva é, para o PT e o governo, algo parecido como disputar uma eleição contra alguma coisa que o partido e os seus militantes foram um dia. O PT não entregou boa parte do que prometia, principalmente em relação à ética e ao combate à corrupção, à reforma política e a uma nova forma de fazer política. No embate do primeiro turno, o PT e Dilma estarão vendo pelo retrovisor a aproximação de uma candidata com um discurso que era quase um patrimônio por eles construído durante décadas e que hoje é impossível de ser sustentado pelo partido e pela candidata, não mais lhes pertence”.

Desde então, foram os fatos e acontecimentos marcantes na campanha presidencial e seus possíveis efeitos:

1-      entrevista dos candidatos para o Jornal Nacional (realizada em diversos momentos);

2-      início do programa eleitoral gratuito;

3-      publicação dos resultados da pesquisa IBOPE;

4-      debate dos candidatos na Rede Bandeirantes.

Hoje, dia 28 de agosto, já se passaram 15 dias do acidente aéreo e um pouco menos do lançamento da candidatura de Marina Silva. Nesse período, ela soube aproveitar as oportunidades com rara felicidade. Foi o melhor desempenho, dentre todos, nas entrevistas realizadas com os candidatos no Jornal Nacional. Apresentou um bom desempenho no debate na Rede Bandeirantes; não venceu o debate, não houve um claro vencedor, somente Dilma perdeu. Outro fato importante foi a publicação dos resultados da última pesquisa IBOPE na qual Marina vence Dilma em segundo turno com cerca de 10% de vantagem. No horário eleitoral gratuito, Dilma e Aécio mostram programas bem construídos e de muito boa qualidade. Marina, nem tanto; de importante apresenta somente o seu discurso, não tem um programa com requinte de produção, mas apresenta uma forte sintonia com os desejos e aspirações dos eleitores que desejam mudança. Compreendendo a eleição também como uma luta contra o cronômetro, ela passou duas semanas sem um grande problema pela frente. Hoje, tudo que a candidata deseja são mais 20 dias como esses: calmos, sem solavancos. Assim sendo, estaria no segundo turno e derrotaria Dilma. É como no futebol: chegou a hora de fazer cera – engordar o tempo – e, se possível, jogar a bola para a arquibancada.

É sempre muito perigoso fazer previsão eleitoral. Mesmo com muitas informações e muita experiência acumulada, todo cuidado é pouco. Há alguns meses, o marketeiro de Dilma anunciava que iria esmagar os nanicos, os analistas apostavam em uma eleição vitoriosa em primeiro turno. Parte do otimismo já tinha desaparecido, mas agora, tudo mudou. Marina perde a eleição de 2014 somente se cometer uma série de erros irreparáveis. Boa parte da dinâmica e do protagonismo em relação à eleição já não se encontra nas mãos de Dilma e Aécio, o conteúdo e a pauta foram subtraídos por Marina.

Por outro lado, ao estabelecer um discurso de reconhecimento das contribuições do PSDB e do PT para o país nos últimos 20 anos, ela coloca em xeque a polarização entre os dois partidos e aponta para duas direções. A primeira é uma sinalização para os mercados em relação à manutenção dos grandes marcos da política econômica do Plano Real, e a segunda é a garantia da manutenção e avanço dos programas sociais do governo federal. Tranquilidade para os mercados e para a população, que, mesmo sendo beneficiada por programas sociais, avalia mal o governo e deseja mudança. Marina atrai eleitores que já votaram no PT e que, em função de todos os escândalos antigos e recentes, hoje rejeitam a candidatura do partido e atrai, para um segundo turno, os eleitores do PSDB que querem derrotar o PT.

Será um segundo turno que promete sacudir o país, algo sem precedente nos últimos 20 anos. O governo utilizará todas as manobras e “ferramentas” eleitorais conhecidas e disponíveis. De outro lado, veremos a volta dos militantes políticos, não remunerados, lutando nas ruas e nas redes de relacionamento na internet em favor da candidatura de Marina Silva.

Caso isso tudo aconteça, pensando em cenários possíveis e prováveis, Marina, se vencer as eleições, poderá montar um governo de coalizão muito diferente. Poderá governar com sustentação da Rede, do PSB, de parte do PT e de parte do PSDB – numa nova arquitetura de maioria parlamentar que garanta a governabilidade e coloque à margem todos os partidos fisiológicos que sempre venderam caro o seu apoio e o seu voto.

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