Pressionados pelas ruas, o governo federal e o Congresso Nacional correram para aprovar alguns projetos que estavam perdidos na indiferença política para com a opinião pública brasileira. Muitos, menos os mais polêmicos, como o projeto de reforma política, foram votados com prazos relâmpagos. Tudo para tentar dar respostas às exigências da população que deseja um novo Brasil.
A discussão sobre reforma política não é simples, e não devemos postergá-la. Os principais temas da reforma política são: o financiamento de campanhas eleitorais, a reeleição para cargos do Executivo, o fim das coligações e o fim do voto secreto no Congresso para cassação de parlamentares. O mais importante deles é a alteração do sistema atual de escolha para Deputado e Vereador; vários sistemas podem ser discutidos, dentre eles: o voto proporcional com lista fechada, proporcional com lista flexível, o voto distrital e o voto distrital misto. Com a possibilidade de eleição para Vereadores e Deputados em dois turnos, primeiro o eleitor define quantas cadeiras cada partido terá e depois escolhe o nome do candidato.
Em aparente consonância com as vozes das ruas, o Executivo tentou viabilizar um plebiscito para a reforma política, ainda neste ano, para que pudesse ser aplicada já nas eleições de 2014. Os líderes das bancadas da Câmara descartaram a proposta, alegando não haver tempo para realização da consulta, dado que, para valer na eleição de 2014, a regra teria que ser promulgada com pelo menos um ano de antecedência – assim sendo, outubro seria a data limite.
O Congresso montou um grupo de trabalho que terá 90 dias para elaborar um projeto de reforma política que supostamente poderá alterar a forma de representação política dos eleitos para o Congresso Nacional. Tudo indica que a maioria dos Deputados que formam esse grupo quer um referendo para aprovar as eventuais alterações no sistema eleitoral. Seria uma consulta popular para que os cidadãos concordem ou não com o projeto elaborado e aprovado pelo Congresso.
Longe das expectativas e exigências oriundas das manifestações que abalaram o país, corremos o risco de ver uma reforma política proposta e aprovada por uma das instituições de menor credibilidade e respeitabilidade. Grande parte da motivação para ir às ruas e manifestar era advinda da percepção da população de que o sistema político brasileiro é anacrônico e de que não representa a sociedade brasileira. Os congressistas sabem disso e, novamente, irão desconhecer as demandas da sociedade brasileira. O povo quer plebiscito, e não referendo.
Os congressistas sabem que, com uma ampla reforma política, suas chances de se reelegerem passam a ser mínimas. Com um novo e moderno sistema eleitoral, veríamos as bancadas evangélicas, ruralistas, da indústria do fumo, bebidas e outros grupos ficarem reduzidas politicamente.
O volume de recursos utilizados por candidatos ficaria menor, e Deputados Federais, que são votados em cerca de 200 Municípios – e, por princípio, ninguém representa -, com o voto distrital seriam banidos da vida política nacional.
Não tenham dúvidas: o Congresso não quer mudança, pois ela é vista como um suicídio político. Não esperemos nenhuma mudança expressiva e, muito menos, de acordo com as exigências das ruas.
O governo federal, depois de sua iniciativa recente, lavou as mãos em relação à reforma política. Uma das primeiras reações dos congressistas foi chantagear o governo federal com o fim da reeleição. O governo federal sempre poderá culpar o Congresso Nacional pelo resultado final. Em bom português: ninguém quer mais a reforma política, a não ser o povo.
Estaremos diante de uma grande farsa. Todos supostamente trabalhando para a viabilização da reforma política, mas será somente uma mentira e um grande desrespeito para com todos aqueles que querem novas formas de participação política.
Milton Marques, consultor da Innovare Pesquisa para projetos de opinião pública, é autor desse texto, exclusivo para o Blog da Innovare.
análise Aécio Neves barômetro barômetro innovare brasil comportamento comércio consumidor consumo cultura dados desenvolvimento digital dilma Dilma Rousseff economia eleições eleições 2014 em tela entretenimento estudo finanças governo infográfico innovare innovare pesquisa inovação internet levantamento manifestações mercado mercado de trabalho milton marques mobile palavrizar Pesquisa pesquisa de mercado pesquisa de opinião política pt redes sociais sustentabilidade tecnologia trabalho web
WP Cumulus Flash tag cloud by Roy Tanck requires Flash Player 9 or better.
Confira postagens antigas:
Cadastre seu e-mail e receba as postagens do blog