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TV, INTERNET OU LIVRO? QUEM GANHA A SUA ATENÇÃO?

Eu tive a oportunidade de acompanhar um grupo de jornalistas questionando a presença da TV em nosso país. Segundo eles, a influência da TV teria diminuído e as pessoas pouco se ligariam na telinha. Na opinião daqueles críticos, os brasileiros já não dariam atenção aos programas televisivos, já que, ao mesmo tempo, assistiriam televisão, navegariam pela Internet ou conversariam ao telefone. Ou seja, na ilusão de tais jornalistas, a realidade vivenciada pelos brasileiros seria exatamente similar àquela vivenciada por eles.

De acordo com dados oficiais, a energia elétrica já chega a 99,2% dos lares brasileiros, quase empatando com a TV que está presente em 97% dos domicílios. A presença da TV ganha até mesmo do rádio, existente em 81,4% dos lares e ainda mantém excelente dianteira em relação à Internet, que está em apenas 40% das residências de nosso país. 77% dos aparelhos de TV ficam ligados em emissoras abertas e essa tal caixinha mágica abocanha 65% da verba destinada à publicidade no país. O que esses dados dizem? De forma simples e objetiva eles provam que a TV ainda faz a cabeça do brasileiro. Não há como negar, a TV ainda é a janela para o mundo.

Considerando os dados relativos à TV e à Internet, observamos que a primeira ainda parece estar muito mais presente na vida do brasileiro do que o famoso acesso “www”. Apesar de 40% dos lares terem acesso à Internet (banda larga, rede discada ou 3G) e de já contarmos com 262 milhões de linhas de telefonia móvel ativas em nosso país, apenas 18% delas funcionam em aparelhos do tipo smartphone. Esses dados apenas confirmam que a internet ainda não está ao alcance das mãos de todos. Desse modo, parece muito precoce dizer que a TV perdeu para a Internet e parece muito errôneo dizer que ela tem baixa influência entre os brasileiros. É inegável que ainda somos movidos pela mídia televisiva. Somos o país das novelas. Mais que a TV, a novela dita o que o brasileiro usa, o carro que compra, para onde ele viaja e até mesmo a gíria que ele palavreia. Pode-se prever que a Internet tomará o lugar da TV ou mesmo que os brasileiros assistirão TV via Internet, mas isso ainda parece coisa para daqui alguns poucos anos. Nos dias de hoje, isso ainda é realidade para poucos.

Se ampliarmos um pouquinho nossa avaliação, podemos fazer uma afirmação triste. A TV e a Internet parecem já ter roubado o lugar do livro. Nos países nórdicos, a média de leitura é de 15 livros per capita ao ano; na França, Espanha e EUA essa média é de dez livros ao ano. Essa média vai quase ao chão no Brasil: quatro livros ao ano, já oferecendo sinais de declínio. É claro que existem pessoas que nunca pegaram um livro nas mãos, enquanto outras devoram um livro por semana; todavia, uma média como essa é de entristecer.

Preocupados com o avanço da Internet, com o excesso dos jogos em rede e também com o domínio da TV, a Associação dos Editores de Madrid (Espanha) desenvolveu uma campanha publicitária muito criativa. Ela sinaliza que o hábito de jogar videogame, usar smartphones e assistir seriados exageradamente pode exterminar os livros. A campanha, em tom de game, apresenta livros clássicos aniquilados pelos costumes dos usuários. As peças evidenciam Dom Quixote morto pelo Angry Birds; Moby Dick sem vida na ilha de Lost e o Pequeno Príncipe, aparentemente falecido, jogado no cenário de Medal of Honor. Você pode conferir tais peças nas fotos abaixo, e, mais que isso, você pode dar vida a um livro. Doe, recomende, comente, empreste. Faça um livro percorrer várias mãos. Não deixe que seus hábitos levem a literatura ao túmulo.

*Margarete Schmidt, sócia da Innovare Pesquisa de Mercado e Opinião e gestora dos projetos qualitativos da empresa, é autora desse texto, exclusivo para o Sem Escala.

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