*Paulo Savaget, sócio da Innovare Pesquisa de Mercado e Opinião e responsável pelos projetos de inovação e sustentabilidade da empresa, é autor desse texto, exclusivo para o Sem Escala.
É, nem toda informação está disponível no Google! Enquanto muitos chamam o momento atual de “era da informação”, percebemos que ainda existem muitos segredos mantidos deliberadamente fora do alcance da sociedade civil. Segredos que são politicamente legitimados, protegidos em nome da ‘segurança nacional’ – embora saibamos que segredos sejam mantidos porque complicam a imagem de figuras proeminentes. Muitas dessas figuras se dizem ferrenhas defensoras da ‘democracia’ (chegando, inclusive, a justificar guerras como meios necessários para propiciar a todos um direito inalienável). Mas elas aparentemente consideram que o direito não deve ser tão amplo: que não devemos ter acesso a todas as informações da atuação daqueles que, em teoria, deveriam nos representar.
No entanto, ontem foi um dia importante na história: aproximadamente 2 milhões de documentos vazados dos arquivos americanos foram publicados, muitos dos quais rotulados como secretos ou confidenciais. A grande maioria diz respeito ao apoio americano aos regimes fascistas europeus e às ditaduras latino-americanas na década de 1970. Trata-se do PlusD, o conjunto de materiais geopolíticos mais significativo dentre os já publicados. Mais um feito do Wikileaks, de Julian Assange, que demonstrou que o jornalismo investigativo é agora mais eficiente do que nunca.
Mas sabemos que publicar segredos de grandes potências cria inimizades. Inimizades que, nos EUA, se encontram tanto no partido republicano quanto no democrata. Assange é considerado um terrorista e, para muitos políticos, ele mereceria um tiro na testa, assim como o que recebeu Bin Laden (sim, é isso mesmo, veja o vídeo abaixo). Alguns chegam a dizer que em outros tempos ele teria sido envenenado ou morto ilegalmente. Contudo, o fato – e interpretem como quiser – é que ele foi acusado de abuso sexual na Suécia, por ter feito sexo sem camisinha. A parceira afirma que consentiu o sexo mas não sem preservativo.
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Assange conseguiu asilo político na embaixada equatoriana em Londres e, contando com uma poderosa rede mundo a fora, continua estremecendo o mundo. As descobertas do PlusD serão publicadas pelos parceiros do Wikileaks. No Brasil trata-se de uma agência independente chamada Publica. E no primeiro dia já surgiram revelações bem interessantes sobre a ditadura Brasileira. Verdades que podem ser igualmente acessadas por todos – e não só por uma comissão (#ficaadica).
Aí vão algumas:
Em 1976 o Brasil já se destacava, sob os olhos americanos, na campanha anticomunista. Em um telegrama confidencial, o embaixador Crimmins descreveu o governo como “controlado e apoiado por militares conservadores que são fortemente anticomunistas – às vezes até paranoicos” e aliado a “uma elite temerosa da massa e de seus representantes”. A conclusão de Crimmins no relatório enfatiza o que sustentavam figuras importantes do governo: “que o destino do Brasil era melhor ao lado dos poucos ricos e poderosos do que da maioria pobre e fraca”.
Já a tortura é tratada pelo embaixador “como uma prática de uma pequena minoria e não das forças militares brasileiras como um todo” e que “a assistência militar americana não é tida como fomentadora de práticas repressivas”. Afinal a violação dos direitos humanos, em tese, poderia justificar o corte da assistência americana ao governo brasileiro. Não pense que se tratava de um fingimento do governo brasileiro “pra gringo ver”: outros documentos revelados pelo PlusD mostram que os representantes americanos estavam plenamente cientes das torturas praticadas. Crimmins chegou, inclusive, a discutir diferentes definições de tortura com o cardeal Arns: “inclui na sua ampla definição até mesmo privação de sono em celas pequenas com chão batido e sem móveis, já que isso é usado intencionalmente pela polícia para fatigar o prisioneiro. Esse tratamento é acompanhado pela falta de comida e água ou equipamentos sanitários e é tão comum nos procedimentos policiais que a polícia se recusa a reconhecer essas medidas como tortura”.
Os americanos sabiam, portanto, o que se passava nos porões da ditadura (inclusive do DOPS) e ofereciam centenas de milhões de dólares em créditos para a modernização das forças armadas brasileiras. Em 1976-1977, para que tenham noção dos valores, o governo americano planejava investir o que hoje equivale a US$ 661 milhões em créditos na compra de armas pelo governo Brasileiro.
Quem sabe a avaliação da atuação dos EUA no passado nos ajude a visualizar a nova roupagem de suas interferências diplomáticas recentes…
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