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HOUSE OF CARDS, NETFLIX E O FUTURO DA TELEVISÃO

01-03-2013
Postado por Vinícius Calijorne em Em Tela

Com a estreia mundial da série House of Cards, produzida pelo serviço de streaming Netflix, é possível que o início da revolução dos serviços de televisão por assinatura esteja acontecendo diante dos nossos olhos.

O Netflix é um serviço norte-americano de streaming de material audiovisual e disponibiliza filmes e seriados de TV a um preço relativamente baixo. Atualmente, o argumento de venda da plataforma é a possibilidade de acessá-la a partir de diversos dispositivos móveis, valendo-se do discurso que, no futuro, a mídia será consumida dessa forma. E é verdade, estamos caminhando nesse sentido. No entanto, no início de fevereiro, a empresa deu um passo importante ao disponibilizar no mundo inteiro os 13 episódios da primeira temporada de House of Cards, seriado que só está disponível para assinantes do serviço.

Para ser mais exato, o episódio piloto – o primeiro da série – está disponível gratuitamente. A disponibilização do episódio é, claro, uma estratégia comercial: quem se interessar pelo programa pode se tornar assinante da plataforma. E o Netflix terá que conquistar um número significativo de assinantes nos países em que atua para cobrir os custos de produção de 100 milhões de dólares.

A relação entre os custos de produção da série e o modelo de negócios do Netflix – que cobra barato pelas assinaturas e não tem intervalos comerciais – gerou discussões de viabilidade. No entanto, já existem mais informações importantes sobre o assunto. Os 100 milhões inicialmente anunciados são para a produção de duas temporadas, totalizando 26 episódios. Por enquanto, foi disponibilizada apenas a primeira temporada e o número de assinantes já cresceu. Dados de uma pesquisa encomendada pela própria plataforma indicam que a fidelidade do assinante que assistiu ao conteúdo original aumentou e, nesse pequeno espaço de um mês, quase 20% de quem começou a assistir a série já viu a temporada completa. Além disso, mesmo que o volume de novas assinaturas tenha que ser significativo, considerando o número atual de assinantes, o crescimento é de menos de 10%.

E ainda há mais um elemento a ser considerado: mesmo que não existam intervalos comerciais, há um grande número de ações de product placement feitas pelo seriado. Ou seja, muitas empresas têm seus produtos aparecendo, de alguma forma, nos episódios. E isso é uma forma bastante rentável de publicidade, o que já cobre parte dos custos. A Apple – marca que aparece com frequência na série – informou que não pagou para que seus produtos fossem vistos, mas os disponibilizou gratuitamente para a produção. No entanto, em uma passagem na qual acontece uma reunião entre o personagem principal e um de seus assessores, é possível contar 9 produtos da maçã em cena. Outras empresas que aparecem em sequências do programa são a Sony (com o PlayStation) e a BlackBerry. Talvez as marcas de tecnologia estejam presentes, também, pela relevância do Netflix nesse mercado, uma vez que a plataforma tem aplicativos para vários dispositivos móveis.

A maior discussão gerada pelo Netflix e por House of Cards, entretanto, foi causada pelo relativo controle e manipulação que a plataforma pode ganhar sobre os espectadores. Cabe uma explicação melhor: todos os serviços de streaming, até mesmo pela natureza desse tipo de plataforma, conseguem identificar exatamente quem assiste a qual tipo de programa, o que o espectador costuma “passar pra frente”, em qual ponto ele costuma pausar e até mesmo catalogar quais são os atores, atrizes e diretores prediletos dos usuários. Os dados que ficam armazenados nos servidores indicam um caminho a ser seguido para conseguir mais assinantes, se interpretados de forma correta. E House of Cards parece ter sido um tiro certeiro.

David Fincher, diretor de dois episódios e também produtor do seriado, já estava envolvido, de alguma forma, no projeto. No entanto, depois que o Netflix decidiu que produziria o seriado – oferecendo, para os criadores, uma oferta que cobria as de consagradas redes de televisão por assinatura, como a HBO e a AMC – o diretor foi oficialmente chamado, assim como o ator Kevin Spacey. E isso se deu com a análise do banco de dados. House of Cards é um remake de uma série britânica de década de 1990, que estava disponível por streaming para os usuários do serviço. O banco de dados indicou que Kevin Spacey era um ator querido entre os espectadores da série original e que David Fincher era um diretor admirado. E, assim, os dois foram trazidos para o projeto. Fincher, grande nome da produção, ainda trouxe mais gente para a equipe, com a contratação de Robin Wright – que estava trabalhando com ele em Millenium: Os Homens Que Não Amavam As Mulheres – e Kate Mara, irmã de Rooney Mara, que também trabalhou com Fincher no primeiro filme da trilogia Millenium e pediu que essa a apresentasse para o diretor.

Além disso, o Netflix parece ter usado mais informações de seus bancos de dados. House of Cards é uma série sem muita “gordura” e com um timing bem diferente de muitas produções que vemos na televisão. Com episódios de duração livre, não é necessário “enrolar” e muito menos resumir informações importantes. E um seriado “na medida certa” pode ser mais uma forma de atrair espectadores e tentar reduzir o número de interrupções na exibição ou, até mesmo, de usuários que desistem de assistir ao programa.

Outra estratégia interessante do Netflix foi a de disponibilizar todos os 13 episódios de uma só vez, dando fim àquilo que costuma prender os espectadores de séries de TV: o cliffhanger. Figurativamente “dependurado no abismo”, o espectador de programas seriados é fidelizado porque ele tem alguma coisa para descobrir, algo que vai ser revelado no próximo episódio. E esse modelo parece ter fim próximo com a estratégia do Netflix. Para mercados internacionais, a extinção do cliffhanger pode ganhar ainda mais importância: os canais a cabo do Brasil, por exemplo, ainda não se adaptaram nem à disponibilização de material pela internet e perdem audiência vertiginosamente, com a migração de espectadores para plataformas online, que são, normalmente, muito mais atualizadas e em dia que esses canais.

E o Netflix não pretende parar por aí. Já houve o anúncio de outras produções exclusivas, sendo que uma delas é a continuação de Arrested Development, série cômica queridinha dos internautas que manifestam, até hoje, pelo retorno da mesma.

No fim das contas, com tanto a ser discutido sobre o seriado, não falamos nada sobre a história. Abaixo, o trailer oficial de House of Cards, com legendas em português. Caso se interesse e decida assistir as manipulações políticas de Frank Underwood, o personagem principal, preste atenção na forma como ele conversa com o espectador, valendo-se de um recurso audiovisual, com origem no teatro, chamado de quebra da quarta parede. Imagine que, na frente do palco de um espetáculo teatral, existe uma quarta parede, imaginária. O lugar dessa parede é do espectador, que assiste sem interagir com o que está acontecendo. A transposição da quarta parede para o audiovisual é o lugar da câmera. Logo, a quebra da quarta parede ocorre quando os personagens incluem o público na narrativa, como se eles fossem convidados a participar da cena.

http://www.youtube.com/watch?v=ULwUzF1q5w4

E você, leitor, o que acha? Você considera a estratégia do Netflix como uma forma de manipulação do espectador?

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