Todos devem conhecer a famosa frase atribuída a Delfim Netto (embora ele jure não tê-la dito): “Primeiro devemos crescer o bolo para depois dividi-lo”. Vários anos se passaram e tudo indica que o bolo não está sendo dividido entre a população. Seja em momentos de prosperidade ou de crise econômica, os bolos já são assados em porções individualizadas, para poucos. O tabuleiro, as formas e os modos como os trabalhos são divididos geram muffins: produzidos para não serem divididos. E a tendência é que estes sejam apropriados por parcelas cada vez menores da população.
Um estudo da OCDE, conduzido em 2011, sinalizou que a lacuna entre ricos e pobres aumentou continuamente nas últimas três décadas nos países mais industrializados. E o ritmo em que a desigualdade aumentou foi ainda maior no período da crise econômica. Isso indica que muitos países já entraram na crise global apresentando os maiores índices de desigualdade (desde que a OCDE começou a coletar os indicadores). Os dados sinalizam também que nos primeiros três anos da crise a desigualdade aumentou o mesmo tanto que nos doze anos anteriores. A conclusão aqui é evidente: a desigualdade é estrutural no sistema capitalista, mas se torna ainda mais acentuada nos períodos de austeridade econômica.
Falando de números, os 10% mais ricos entre os países da OCDE aumentaram sua riqueza 9.5 vezes mais do que os 10% mais pobres em 2010. Atualmente, os 80% mais pobres dos EUA recebem apenas 7% da riqueza nacional (e isso só piorou nas últimas décadas). Já 1% da população mais rica dos EUA recebe 24% da riqueza nacional, enquanto em 1976 eles recebiam apenas 9%.
Um aspecto interessante demonstrado por um professor da Harvard Business School é que existe uma grande dissonância entre o que a população dos EUA “pensa que a desigualdade é” e as suas verdadeiras dimensões. Seja comer brioche ou dividir o bolo, a alienação dos tempos da Maria Antonieta é persistente. De um modo geral, a realidade é muito pior do que a nossa percepção sobre a desigualdade. Se entende inglês, sugiro que gaste 6min vendo o vídeo abaixo. Ele é imperdível e os resultados são chocantes!
Parece que os níveis de desigualdade, de tão absurdos, são até difíceis de imaginar…
*Paulo Savaget, sócio da Innovare Pesquisa de Mercado e Opinião e responsável pelos projetos de inovação e sustentabilidade da empresa, é autor desse texto, exclusivo para o Sem Escala.
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