*Milton Marques, consultor da Innovare Pesquisa para projetos de opinião pública, é autor desse texto, exclusivo para o Sem Escala.
Aécio é um político experiente e não participará de uma aventura. Conhece bem a lógica da vitória e da derrota eleitoral, segundo a qual é possível ganhar, “perder ganhando” ou “perder perdendo”. Em caso de vitória nas eleições presidenciais de 2014, Aécio Neves e o PSDB terão realizado um grande feito político.
Como ganhar a eleição?
O PSDB, para a campanha de 2014, promete fazer a sua parte. Aécio deverá se tornar o Presidente do Partido, a principal figura da oposição e ainda terá o apoio de Fernando Henrique Cardoso, que promete percorrer o país fazendo um ciclo de debates e encontros apoiando sua candidatura. Mas essas ações serão suficientes para derrotar uma candidata com um elevadíssimo índice de aprovação?
A Presidência do Partido será importante na medida em que Aécio terá controle sobre a máquina do PSDB. Fundamental para alinhar os governadores, a bancada federal, os prefeitos e vereadores em torno da sua candidatura. É igualmente importante para neutralizar o risco – não desprezível – de ser atingido por “fogo amigo”. José Serra não deve ter esquecido os resultados das eleições de 2010 em Minas Gerais e a suposta indiferença de Aécio Neves.
Nos últimos 10 anos de governo do PT, os lideres da oposição, apesar de toda a cobertura da mídia, não lograram maior prestígio e não aumentaram seus cacifes políticos. Tudo indica que a mensagem da oposição, em geral, e do PSDB, em particular, não tem sido capaz de convencer os eleitores brasileiros.
A presença de Fernando Henrique na campanha é uma questão delicada. Nenhum observador atento pode subtrair de FHC a sua importância política, sua capacidade intelectual, seu profundo senso democrático e a criação do plano de estabilização da economia brasileira. Méritos não lhe faltam. Mas, eleitoralmente, não é mais um grande “alavancador” de votos. Nas últimas campanhas políticas ele tem sido mais um problema do que uma solução, pois não empolga e coloca as campanhas do PSDB na defesa de seus dois mandatos, não permitindo que o passado passe. Caberá a Aécio Neves encontrar a dose certa. É impossível fazer uma campanha sem ele, mas colocá-lo em evidência, levando em consideração as experiências eleitorais recentes, pode ser fatal.
O PSDB e Aécio Neves não dão mostras de que estão perto de encontrar o caminho para vencer as próximas eleições presidenciais. Por enquanto, nada que arrebata e que fala de forma visceral para a alma do eleitor.
Como “perder ganhando”?
Em um cenário de reeleição de Dilma, para se considerar vitorioso e como um candidato com fortes chances para as eleições de 2018, Aécio Neves terá, no mínimo, que disputar um segundo turno e obter votações expressivas em colégios eleitorais onde a sua figura política é pouco expressiva. Nesse caso, ele teria certa vitória e, mesmo na derrota, continuaria como personagem relevante do sistema político nacional.
Existe o risco de “perder perdendo”?
Aécio deve disputar a eleição de 2014 não somente contra o PT de Dilma, mas também contra Marina Silva e, por enquanto, contra uma ameaça de candidatura de Eduardo Henrique Campos.
Marina é um caso clássico de quem ganhou com a derrota. Com 20 milhões de votos nas últimas eleições presidenciais e um novo partido, pode ter fôlego suficiente para deslocar a polarização do confronto PSDB x PT, abrindo uma nova frente de debates e discussões. Mesmo se não derrotar a candidatura do PT, Marina poderá ser um fiel da balança, fazendo grandes estragos nas pretensões eleitorais de Aécio Neves. Já Eduardo Henrique Campos terá que convencer o mundo político e a si mesmo de que será, de fato, candidato. Mas, para isso, será necessário deixar a base do governo e arcar com os custos advindos dessa decisão. Com Marina Silva e, eventualmente, Eduardo Campos como candidatos, a situação eleitoral de Aécio Neves torna-se sensivelmente pior. Não é aceitável, para suas pretensões, ser derrotado em primeiro turno por Dilma ou, o que seria ainda pior, ficar em terceiro lugar nas eleições presidenciais em função da pulverização do voto de oposição. Esse parece ser um risco que ele não aceitaria correr.
Como é possível ver, o cenário para a candidatura Aécio não é simples: existe a possibilidade real de “perder perdendo”.
Na ausência de reais chances de sair ganhando, Aécio terá à sua disposição o caminho de volta: ser candidato ao governo de Minas Gerais. Ao eleger Antônio Anastasia para um mandato de quatro anos, Aécio deixou a porta aberta para o seu retorno. Com controle total do sistema político mineiro, não terá a menor dificuldade para se eleger.
Estaríamos, assim, diante de dois cenários de permanência no poder por 20 anos: um no plano federal, com o PT, e outro, em Minas Gerais, com o PSDB.
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