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A NECESSIDADE DA COMPRA

18-02-2013
Postado por Margarete Schmidt em Comportamento

O verbo “comprar” pode ocupar tanto a cesta utilitária dos consumidores como a hedonista. Em alguns casos, necessitamos comprar determinado objeto, mas muitas vezes essa necessidade inexiste, e mesmo assim o desejo impera. Movidos pela certeza de que necessitamos de algo, sentimo-nos incomodados e passamos a olhar prementemente para a falta que tal necessidade nos impõe. Freud e Lacan teriam muito a dizer acerca dos processos decisórios do consumidor e certamente o fariam triunfalmente, pois tudo se inicia no reconhecimento da necessidade, caminha para a busca por informações, perpassa pelas avaliações das alternativas de compra, desemboca na compra, depois no consumo, e então prossegue na avaliação pós-compra, acabando no descarte do objeto que outrora foi necessidade. Embora todos os passos desse processo sejam exaustivamente estudados, os dois primeiros (reconhecimento da necessidade e busca por informações) parecem ser aqueles que oferecem mais insumos para discussões de toda natureza, inclusive para aquelas de mesas de bar.

Para objetivar a discussão, pensemos em uma pessoa com elevado poder econômico. Quando é que uma de suas necessidades poderá ser encarada como realmente racional? Na maioria dos casos, suas necessidades serão puramente emocionais ou hedonistas. Pensando friamente, não há necessidade racional em trocar um carro com apenas um ano de uso; não há racionalidade em trocar um aparelho de celular em perfeito estado apenas porque um modelo novo chegou ao mercado; não há funcionalidade em agregar 2 novos pares de sapatos aos mais de 100 já existentes no armário. O que Freud e/ou Lacan diriam dessa necessidade que urge e que vela uma falta maior nas pessoas? De que maneira o comprar trapaceia as faltas dos sujeitos humanos?

Para dar mais sabor à discussão, pense nos meios utilizados pelos consumidores para levantarem informações relativas ao seu objeto de desejo.

Quando a busca por informações socializa a necessidade do consumidor, ou seja, quando sua necessidade é compartilhada nas mídias sociais como um apelo que diz mais ou menos assim: “Alguém sabe me dizer se o modelo de carro x é melhor que y? Estou comprando um e preciso de opiniões, ajudem-me”,  nesse momento ocorre uma ampliação da necessidade. Tem-se o ápice da exposição da falta. Todos os amigos passam a saber da falta em questão, e então o sentimento de necessidade se fortalece. No exato momento em que essa necessidade se torna pública, quais são os ganhos paralelos para o consumidor? Será que as mídias sociais chegaram para valorizar as necessidades de compra? O que diriam Freud e Lacan? O que diz você, caro leitor?

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