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A IDADE MÉDIA, O AMARILDO E A VIDA DE GADO

06-08-2013
Postado por Paulo Savaget em Inovação e Desenvolvimento Sustentável

Me senti na idade média. Conseguia imaginar o mensageiro do rei, à galope, com grandes pergaminhos, anunciando a chegada do papa e o nascimento do herdeiro da coroa inglesa. Não consigo aceitar que isso foi em Julho de 2013 e não em um primavera ensolarada de 1450. As mídias convencionais brasileiras galoparam rápido para nos atualizar sobre esses dois eventos. Além da rotina dos clérigos e nobres, muito se falou da peregrinação católica nas terras-não-mais-tupiniquins, assim como sobre a reação, do outro lado do Atlântico, do rebanho de súditos ingleses.

Falando em rebanho, certo “boi” ganhou destaque nas redes sociais e em outros meios de comunicação mais contemporâneos: esse era o apelido do Amarildo. Você provavelmente já deve conhecer o Amarildo, embora também não saiba aonde ele esteja. Amarildo (apelidado de “boi”, porque conseguia resignadamente carregar dois sacos de cimento nas costas) foi levado por policiais para a UPP da Rocinha “para averiguação”. Como diria Eliane Brum: essa é a expressão usada pela polícia “quando carrega com ela algum pobre, como se fosse uma justificativa aceitável”. Depois da averiguação, Amarildo sumiu. Desapareceu. Não sei se devido a uma deformação do espaço-tempo, ou se em uma cova bem cavada: mas tudo indica que Amarildo se encontra em um buraco negro.

O mistério está longe de ser solucionado. As duas câmeras na frente da UPP e o GPS dos carros da polícia, nesse dia, não funcionaram. Que triste “acaso”. Acaso que não é tão infrequente na Rocinha: favela que é alvo da “Operação Paz Armada”. Acho que quem escolheu o nome dessa operação não é muito fã do Geraldo Vandré, cantor preso no período da ditadura, por defender “as flores vencendo o canhão”. Mas como esperar um nome melhor de uma polícia que é militar? A PM é uma das piores heranças que recebemos da ditadura. Ao invés de proteger os civis, é treinada para combatê-los, se necessário for, para manter a ordem. Uma ordem para poucos. Uma ordem que certamente não é para o Amarildo: e para nenhum outro “boi” que vive essa vida de gado, seja nos latifúndios das Roças quanto no morro da Rocinha.

Paulo Savaget, sócio da Innovare Pesquisa de Mercado e Opinião e responsável pelos projetos de inovação e sustentabilidade da empresa, é autor desse texto, exclusivo para o Blog da Innovare.

 

 

 

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