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TRAGA AS SUAS IDEOLOGIAS PARA PASSEAR!

18-06-2013
Postado por Paulo Savaget em Inovação e Desenvolvimento Sustentável

Vemos hoje um movimento cujo estopim foi o aumento das passagens dos transportes urbanos, mas cujas reivindicações vão muito além dos 20 centavos. Estamos diante do primeiro grande movimento na história brasileira que não tem líderes explícitos, que não é conduzido por sindicatos e não tem bandeiras partidárias – embora alguns tentem se apropriar do movimento para imprimir essas características. Isso é fantástico: temos um movimento verdadeiramente popular que, com toda a sua diversidade, atua de forma colaborativa.

Os protestos atuais também não são conjunturais, por questões eleitorais: as insatisfações estão atreladas ao nosso sistema político. Ao rotular como eleitoral, ou ao partidarizar o movimento e pregar impeachment, nós reduzimos o escopo das nossas reivindicações. O problema não está nos políticos eleitos, mas no fato de que os representantes não nos representam e não nos representarão se mantivermos a estrutura política atual. Vocês acham que o impeachment do Collor ajudou a acabar com a corrupção? Bem… Eu diria que só fortaleceu e institucionalizou meios muitos mais elaborados para a apropriação da máquina pública. Esse movimento vai muito além: traz em seu cerne que queremos participar das decisões políticas e definir as nossas prioridades, tais como mobilidade urbana, saúde, educação e combate à corrupção.

Estamos diante de um estado que vive em perfeita sintonia com o lema positivista da nossa bandeira: “Ordem e Progresso”. Mantém uma ordem que legitima um progresso desigual. Nos últimos anos, essas características se tornaram ainda mais marcantes, talvez devido ao nosso maior acesso à informação, ou porque se trata do amadurecimento (ou melhor, apodrecimento) desse sistema político.

Para justificar esse tal de “progresso”, a “ordem” promoveu a higienização das ruas, retirando mendigos para embelezá-las para as classes altas e para os turistas que virão para os eventos desportivos. O mesmo foi feito em relação aos usuários de crack, que passaram a ser compulsoriamente internados para limpar as cracolândias. Vimos índios sendo massacrados em várias regiões do país, sem serem sequer representados nas auditorias públicas. Outros foram expulsos do Museu do Índio no Rio de Janeiro para dar lugar a algo muito mais “progressista”: um estacionamento, que possa acomodar os carros de quem for ao Maracanã.

Vimos também o meio ambiente ser legalmente preterido em função de uma bancada ruralista. Temos IPI zero para automóveis, mas pouco se investe nos transportes públicos. O direito dos gays e a liberdade das mulheres sobre seu próprio corpo sofrem atentados constantes de uma bancada religiosa que quer manter a “ordem divina”.

Estamos cansados. Chega dessa ordem, porque ela nós não queremos mais! Os defensores da velha ordem, como Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor e tantos outros deveriam ter nascido na Belle Époque Parisiense. Porque em 2013, no Brasil, essa ordem será desordenada.

Junte-se aos manifestantes e traga as suas ideologias para passear. Vá para as ruas, conecte-se nas redes sociais, leve suas mensagens para os estádios. Junte-se com outros que podem ter ideais distintos dos seus, mas que também estão dispostos a bagunçar essa “ordem” atual e tornar as decisões públicas mais plurais.

 *Paulo Savaget, sócio da Innovare Pesquisa de Mercado e Opinião e responsável pelos projetos de inovação e sustentabilidade da empresa, é autor desse texto, exclusivo para o Blog da Innovare.

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