Calma, calma. Não sou um negador da ciência, um Ludista, um retrógrado. Adoro remédios! Não largo mão de um bom antialérgico. Contudo, acredito que as políticas globais de saúde e seus investimentos em P&D estão altamente equivocados.
Enquanto em menos de uma década o maior problema para combater as doenças que afetam a população pobre era a falta de recursos, hoje, graças ao aumento sem precedentes das doações públicas e privadas, bilhões têm sido direcionados para a saúde pública. O Banco Mundial reconheceu que as doenças em países pobres eram enormes obstáculos para o desenvolvimento. Desde então, os investimentos em saúde tendem a ser concentrados na descoberta de novos medicamentos e a difusão destes em todos os cantos do planeta.
A motivação por trás desses investimentos podem ser várias, tais como: questões morais, diplomacia pública, e investimentos em segurança nacional – já que micróbios não conhecem fronteiras. Grande parte dos gastos em saúde, contudo, têm sido alocados na busca por soluções únicas, ‘balas de prata’ para doenças específicas, não necessariamente aquelas que causam mais mortes. Esforços globais de saúde priorizam nitidamente o combate a doenças high-profile, aquelas que podem configurar ameaças para regiões desenvolvidas. Essa tendência de alocação de recursos reflete interesses particulares dos doadores, não dos recebedores. Em outras palavras, a maior parte dos fundos são gastos de acordo com as prioridades, políticas e valores dos países ricos.
De fato, dados da OCDE mostram que investimentos em saúde têm sido alocados para este perfil de doenças. Dentre elas estão surtos temporários, como a gripe suína, e outras ameaças mais perenes, como o HIV. Esta última, por exemplo, recebe um quarto dos investimentos globais em saúde, embora constitua apenas 5% das mazelas dos países de baixa ou média renda. Isto é, por exemplo, menor do que o número de mortes causadas por doenças respiratórias e por condições perinatais. Se a única motivação por trás desses investimentos é melhorar a saúde global, as estatísticas sugerem que investimentos são altamente contraprodutivos.
Além disso, não existem provisões que permitem que a população diga o que quer, que decida quais projetos servem suas necessidades, ou que adotem inovações locais. Como resultado, movimentos anti-vacinação, por exemplo, estão re-emergindo. É o caso das recusas a vacinação de pólio no Paquistão e na Nigéria e, também, de Sarampo, Caxumba e Rubéola no Reino Unido. Visões contrárias aos investimentos em ‘balas de prata’ são normalmente rotuladas como cientificamente desinformadas ou até mesmo como ignorância pelas autoridades responsáveis por políticas de saúde. Estas estão demasiadamente focadas em achar formas de informar as pessoas ignorantes sobre a ‘verdade’, ao invés de engajar a sociedade nas avaliações de saúde pública.
Finalmente, grande parte destes investimentos na busca de uma ‘bala de prata’ para doenças high-profile gerariam mais benefícios se direcionadas para prevenção de Malária e Febre Amarela, planejamento familiar, saneamento básico, assistência no parto para prevenir mortes neonatais e imunizações contra pneumonia. As doenças e mazelas dos trópicos seriam mais bem atendidas, por exemplo, se muitas crianças em países desenvolvidos morressem de pneumonia, ou se muitas mulheres de classe alta morressem no parto.
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