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MANIFESTAÇÕES: A POPULAÇÃO NÃO SERÁ MASSA DE MANOBRA

14-08-2015
Postado por Innovare Pesquisa em Palavrizar

A dois dias das manifestações marcadas para o dia 16, por parte da oposição, pelo que tudo indica, teremos uma baixa adesão no número de participantes. Antes das manifestações do dia 16 de março, nas redes sociais, tínhamos mais de um milhão de confirmações no evento; hoje temos somente 150 mil internautas que confirmam a presença nos eventos de domingo. Mesmo com a convocação realizada pelo principal partido de oposição na TV, os indicadores, vistos de hoje, não são nada promissores para os organizadores do evento. Mesmo depois do panelaço do último dia 06, ocorrido nas principais cidades brasileiras, durante o programa político exibido pelo PT, os números de adesão nas redes não cresceram. Não serão manifestações como a de março 2015 e a do meio do ano de 2013. Somente uma convocação excepcional poderia mudar o quadro.

Por outro lado, o governo e o PT, com a presença constante de Lula, programaram uma série de eventos em defesa do governo Dilma. Tudo indica que teremos também uma baixa participação de militantes e de simpatizantes. A ideia seria a de mobilizar a base social do Partido, principalmente para demonstrar que o governo ainda possui apoio da sociedade. Pelo visto até o momento, o PT também não conseguirá um grande volume de participações em sua série de eventos.

O que anda acontecendo? Houve uma mudança expressiva na vontade da população de manifestar e protestar nas ruas? Não acredito, a vontade de manifestar existe e é intensa. Motivos não faltam. Os dados de insatisfação contra o governo estão em patamares elevadíssimos, a avaliação que a população faz dos serviços públicos é muito negativa, a confiança do consumidor bate recorde de pessimismo, a inflação dispara, os níveis de emprego e renda caem continuamente, as notícias da investigação da Operação Lava Jato não dão trégua ao governo e ao PT. Aliado a tudo isso, ou por tudo isso, um pouco mais de 60% da população são favoráveis ao impedimento da Presidente.

No entanto, houve uma grande mudança: agora estamos falando de uma manifestação programada e apoiada por forças políticas, que vão desde os apelos televisivos do PSDB até o suposto apoio de Eduardo Cunha, que quer colocar Renan Calheiros como um dos alvos principais dos protestos, pela entrada em campo da Força Sindical, do Solidariedade, dentre outros atores políticos. A participação de políticos e outras organizações nas manifestações de 2013 e de março de 2015 não tinha sido tão explícita; elas guardavam, mesmo não sendo uma verdade definitiva, certo grau de mobilização espontânea e não controlada pelo mundo político institucionalizado. Se essa é também a percepção do eleitor que tem vontade de protestar, claramente o seu ânimo para as ruas deverá ser subtraído pelas presenças não desejáveis de partidos e políticos. Devemos lembrar que, em outros momentos, partidos e políticos foram fortemente hostilizados nas manifestações. Aécio Neves poderá ter um grande revés de imagem caso o fracasso da manifestação de fato aconteça. Lado outro, o governo e o PT não podem comemorar o baixo volume de manifestantes.

Para o governo e o PT, o cenário não é muito diferente. Depois do desastre de seu programa político, que de resultado prático em nada contribuiu para a melhoria da imagem do governo e do Partido – ao insistir na mesma estratégia publicitária, que foi bem sucedida para reeleger Dilma e colocar o início de seu governo no mais tenebroso inferno astral-, o PT pretende criar uma série de eventos em defesa do governo Dilma. Hoje não existe, fora dos movimentos sociais cooptados nos últimos 12 anos de governo do Partido, nenhum segmento da população disposto a fazer qualquer tipo de defesa do governo, por menor que seja ela. A participação será percebida como de pessoas, organizações, partidos, sindicatos, que têm muito a perder com a queda do governo. Nas manifestações de março, um dos bordões mais citados foi: “eu vim de graça”.

Nenhuma força política tem tamanho e legitimidade para colocar a população na rua de forma expressiva. E, se essa de fato for a tendência, a população, para ambas as iniciativas, recusa-se a ser massa de manobra.

Para conhecer outras análises aprofundadas de Milton Marques sobre o cenário político brasileiro, clique aqui. E para saber mais sobre como a sociedade brasileira está se posicionando nas redes sociais sobre temas polêmicos, clique e conheça os relatórios do Barômetro Innovare.

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