O Papa está chegando para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Além de demandar altos gastos e a mobilização da máquina pública (em um estado laico) para a vinda do pontífice, foi noticiada a remoção de 334 árvores da Mata Atlântica, para melhor acomodar os 800 peregrinos da JMJ. O desmatamento ocorreu na Paróquia de São Sebastião de Itaipu, às margens do Parque Nacional da Tiririca. Pode parecer pouca coisa, mas estamos falando de um bioma que se reduz a apenas 7% da sua cobertura original, assim como de um enorme desrespeito da Paróquia às leis ambientais brasileiras.
A repercussão pública não foi tão grande, afinal, não estranhamos mais o paradigma judaico-cristão de dominação sobre o meio ambiente. Como dito no Gênesis: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (capítulo 1 versículo 28). Na concepção cristã, mesmo dos fiéis mais moderados, é como se fôssemos separados da natureza e como se os humanos fossem superiores e tivessem o direito inquestionável de dominá-la.
Engraçado que uma das únicas figuras cristãs que defendeu um comportamento mais harmônico com a natureza foi São Francisco: aquele que inspirou o nome do novo Papa. Até agora o Papa Francisco não se pronunciou. Talvez por desconhecimento, embora tenha um canal de comunicação direto com Aquele-Que-Tudo-Vê. Se esse canal está falho, não seria difícil tomar conhecimento, em uma época de globalização e acesso quase imediato às informações (ainda mais para o Papa, fluente em tantas línguas). Afinal, a notícia está presente nos mais diversos veículos de comunicação online. Ou, quem sabe, a internet no Vaticano é “tipo Net”?
Contudo, se ele souber do desmatamento e tiver optado pelo silêncio, talvez o Papa não compartilhe tanto assim a filosofia de vida de quem o inspirou.
Agora nos resta a expectativa: aguardemos para ver se a lei terrena irá se sobrepor à lei divina. Isso pode acontecer, ironicamente, no país com o maior número de católicos do mundo. Segundo o artigo 39 da Lei dos Crimes Ambientais: cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente, possui pena de detenção de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Não conheço as leis a ponto de opinar sobre a responsabilização dos responsáveis. Apostaria, contudo, que vai dar em pizza, o que não seria surpresa no Brasil. Vamos esperar… Como diria São Tomé: será ver para crer.
Paulo Savaget, sócio da Innovare Pesquisa de Mercado e Opinião e responsável pelos projetos de inovação e sustentabilidade da empresa, é autor desse texto, exclusivo para o Blog da Innovare.
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