O ano de 2013 está sendo marcado por discussões controversas entre protestantes e católicos, em especial porque os católicos passaram a enxergar a radicalidade de algumas ideias de pastores evangélicos. Na última semana, até mesmo a brilhante Marina Silva interpôs-se em uma discussão, alimentando a ideia de que as ressalvas apontadas em relação ao Pastor Marco Feliciano adviriam do fato de ser ele um evangélico e não propriamente em decorrência de suas ideias. Interpretações à parte, o fato é que a bancada evangélica vem causando alvoroço por onde passa.
Em um país que vê crescer a cada ano o número de evangélicos (eles são 43 milhões no Brasil), é natural que seus representantes passem a discutir política embasados em seus princípios religiosos. Todavia, a radicalidade de alguns vêm angariando a ira de muitos militantes da liberdade e do estado laico.
A fala agressiva, as frases feitas sem nenhum embasamento histórico e a verborragia extremada aparecem como elementos recorrentes no discurso que esses senhores fazem no congresso e nas assembleias de estado, sempre em nome do que dizem ser a defesa dos princípios cristãos e da valorização da família. Diante de alguns desmazelos ditos por eles, até mesmo o menos crítico dos mortais perde a paciência e a serenidade. Combater essa irracionalidade com argumentos humanitários parece impossível. É como enfrentar espadas com balões de ar.
A radicalidade é tamanha que impede o questionamento e assim entorpece muitos desses 43 milhões de brasileiros ditos evangélicos fiéis e fervorosos. Não à toa, há uma semana um escândalo de proporções pornográficas assomou a igreja Assembleia de Deus. Um de seus pastores, o agora milionário (sim, só o seu apartamento na Avenida Atlântica custa 8 milhões) Marcos Pereira foi acusado de estuprar fiéis (inclusive menores de idade) e de manter outras mulheres de seu rebanho como suas companhias de sexo gratuito. Tudo isso em nome de Deus. É claro que tal escândalo ainda transita em inquérito e o renomado Pastor de ovelhas desgarradas ainda presta depoimentos na certeza de que o Deus dos oprimidos o livrará dessa armação satânica. Enquanto isso, o que diriam os fiéis? Que tipo de defensores da família cristã são esses que oprimem, subjugam, abusam e ainda enriquecem? Será que 2013 será o ano da revelação de que o pensamento cristão foi o primeiro ideal socialista a ser registrado e que ele propõe é a compaixão, o respeito e a igualdade? Ou será que continuaremos a viver nas trevas do medievalismo e da dominação?
*Margarete Schmidt, sócia da Innovare Pesquisa de Mercado e Opinião e gestora dos projetos qualitativos da empresa, é autora desse texto, exclusivo para o Blog da Innovare.
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