Você entra em uma lanchonete na expectativa de tomar um saboroso cafezinho e, olhando para o atendente, abre um sorriso Duchenne para evidenciar sua alegria pelos poucos minutos de folga que conquistou durante seu atribulado dia. O empregado em questão sequer cruza os olhos com a sua face e não se digna a perguntar o que você deseja. Humildemente você esboça a tímida frase: _ “por favor, você pode me atender”? Depois de dar-lhe as costas para arrumar algo no refrigerador, de passar um pano no balcão e de esfregar uma das mãos nos olhos, o atendente, ainda sem olhar para você, grunhe em preguiçosa voz:_ “que que vai ser?”. A essa altura, você já não sabe se pede desculpas ou se ainda arrisca a pedir aquele café que tinha sonhado tomar. Mergulhado em certo incômodo, mas com alguma compreensão, você aceita os maus tratos e suporta aquilo como a normalidade padrão do atendimento brasileiro.
Parece estranho, mas cenas como essa estão a cada dia mais comuns, seja no táxi, na loja, no restaurante, na farmácia ou no hospital. Por onde quer que você ande parece que os postos de emprego estão tomados por uma legião de insatisfeitos.
A Forrester Research fez uma previsão de que até 2015 os Estados Unidos poderão perder 3,3 milhões de postos de empregos. No caso da Europa, a previsão é de que 1,2 milhões de empregos possam ser extintos. Pensa-se que esses empregos seriam transferidos para linhas de produção sediadas na Índia, China, Brasil e Rússia.
Pelo que estamos observando, essa previsão é verdadeira. A geração de empregos parece crescente em nosso país e por onde quer que você passe é possível avistar uma plaquinha dizendo: precisamos de vendedores, precisamos de atendentes, há vagas etc. A reboque da oferta de empregos, nos deparamos com serviços cada vez mais mal prestados. Empregados sem treinamento, sem atenção e carregando um certo mau humor são encontrados em todos os ambientes comerciais ou de serviços por onde passamos. Essa oferta crescente de postos de empregos parece ter nutrido nas pessoas um sentimento incomum nos anos 80 e 90. A frase: “eu odeio meu emprego” já é dita, nos dias de hoje, como um bordão. Todos dão mostras de terem sido contaminados por uma onda de enfado, de desprezo e até mesmo de birra em relação ao emprego ocupado.
Os jovens, habituados ao imediatismo, não mais pensam em construir uma carreira sedimentada a partir da experiência adquirida em uma única empresa. Eles sonham com a diversidade, com a novidade e com o crescimento rápido. Diante da primeira oportunidade eles mudam o registro da carteira de trabalho. Colecionam carimbos e crachás. Trocam de empregador como trocam de celular. Nessa toada, pouco treinados e nada motivados, pulam de emprego em emprego raramente alcançando a expertise necessária para o bom desenvolvimento de uma dada atividade.
Incautos, esses recém mergulhados no universo do emprego formal não imaginam que um bom treinamento ou o emprego de métodos de trabalho diário podem torná-los mais eficazes e valorizados. Eles não sabem que planejar as ações a serem executadas e criar um checklist de procedimentos a serem seguidos pode encurtar caminhos e facilitar a realização das tarefas. Não sabem que a dedicação legítima pode levá-los mais longe. Ao que tudo indica, os novos empregados do Brasil não tem sido treinados para a tarefa que executam e muito menos para manterem seus empregos.
Diante desse cenário, sinto vontade de criar a seguinte campanha: não trabalhe só pelo dinheiro, trabalhe por pares de sorrisos: o seu e do seu cliente; o seu e do seu empregador; o seu e do seu colega de trabalho; o seu e de sua família. Provoque pares de sorrisos. Trabalhe por isso. Que tal essa campanha? Já pensou se isso pega?
*Margarete Schmidt, sócia da Innovare Pesquisa de Mercado e Opinião e gestora dos projetos qualitativos da empresa, é autora desse texto, exclusivo para o Blog da Innovare.
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