Um recente estudo revelou que a violência atrapalha rendimento escolar em áreas de risco. Segundo o levantamento, alunos de escolas do Rio próximas a áreas violentas pontuam menos na Prova Brasil, exame para medir o índice de aprendizado. Além do medo, os tiroteios mantêm os alunos, por vários dias, fora da sala de aula.
O Complexo da Maré, um dos maiores conjuntos de favelas do Rio, está ocupado pelas Forças Armadas desde abril. Lá existem 96 unidades de ensino. “Tem alunos nossos que chegam na escola, eles deitam a cabeça na carteira e dormem porque não dormiram a noite inteira, por causa do tiroteio”, diz uma professora.
Por causa de tiroteios em comunidades, escolas acabam suspendendo as aulas para preservar a segurança dos estudantes. E salas de aula vazias vêm se repetindo com frequência no Rio.
O problema chamou a atenção do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que fez uma parceria com a Secretaria Estadual de Educação do Rio, para oferecer um treinamento de segurança para professores, funcionários e alunos.
“Via de regra, os alunos vão se proteger. Buscar um espaço, alunos e servidores, onde eles fiquem protegidos dessa ameaça externa e aguardem essa situação, calmamente, passar”, diz Heloísa Werneck, assessora técnica da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro.
A violência afeta diretamente o desempenho dos estudantes. Um estudo feito pela pesquisadora Joana Monteiro, da Fundação Getúlio Vargas, revela, por exemplo, que alunos de escolas do Rio próximas a áreas de risco pontuam menos na Prova Brasil, o exame aplicado para medir o índice de aprendizado no país. “Se você compara alunos que estudam, nas mesmas escolas, em anos que teve confrontos versus em anos que não tiveram, você vê que a violência é associada a uma queda no rendimento escolar”, afirma Joana Monteiro.
A professora da Maré diz que ao longo do ano passado, a escola onde trabalha ficou, ao todo, 40 dias sem aulas por causa da violência. “E a evasão escolar advém daí mesmo. Alguns não passam dos 11 anos, 10 anos, eles abandonam”, diz a professora.
A Secretaria Estadual de Educação e a Secretaria Municipal de Educação disseram que orientam a reposição das aulas e tentam evitar a evasão, pois um programa foi criado para incentivar a melhoria do ensino em áreas de risco. Além disso, a PM alega que planeja operações em favelas levando em conta os horários escolares.
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