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SE CUIDA, YOUTUBE.

02-08-2013
Postado por Vinícius Calijorne em Em Tela

Se pararmos para pensar em quantas coisas diferentes vimos acontecer na produção e consumo de audiovisual no último ano, podemos falar para qualquer uma das pessoas que chama a indústria de falida ou parada no tempo que eles estão redondamente enganados. Sim, são novos formatos e propostas, mas não deixam de ser passos pra frente.

Vamos recapitular. Só nesse ano, vimos o Netflix mostrar ao que veio, produzindo seriados, mudando a forma de distribuição e zelando por conteúdo de entretenimento de qualidade. Tudo isso foi reconhecido pelo prêmio Emmy, da Academia de Artes e Ciências da Televisão, uma instituição um tanto careta. Vimos também o formato de vídeos curtos ganhar um destaque que nunca tínhamos visto antes, primeiro com o Vine – e até uma categoria especial no Tribeca Festival de Cinema – e depois com o Instagram, que já está roubando o mercado como fez com a fotografia. Quer mais? Vimos o YouTube chegar a um número agigantado de acessos, dizendo que a forma como o espectador consome audiovisual já mudou. E mudou mesmo.

Os reflexos dessas mudanças estão aparecendo por todos os lados. Vimos ainda mais recentemente o Google lançar o Chromecast e facilitar muito a conexão entre um dispositivo móvel ou computador pessoal à TV, permitindo que o conteúdo da até então segunda tela migrasse para a primeira. Vimos também o Twitter se unir à publicidade da TV e iniciar testes para ampliar a propagação do material produzido para uma plataforma que está, lentamente, perdendo importância.

Mais indícios das mudanças apareceram também essa semana, para comprovar pra gente que a programação tradicional não é mais suficiente. A Amazon, gigante varejista, está ampliando a produção da Amazon Studios, produtora de conteúdo. Depois de decidir por crowdsourcing quais seriam os cinco seriados – dentre 14 pilotos – seriam produzidos, eles querem desenvolver uma forma de avaliar projetos antes mesmo da produção do piloto.

Calma. Respira. As coisas estão mudando sim. E rápido. Mas porque esse texto se chama “Se cuida, YouTube.”? Presta atenção nessa notícia: no último dia 4 de julho, Dia da Independência dos EUA, o Instagram registrou um número maior de exibição de vídeos que o YouTube. Pois é.

Claro que entendemos que o YouTube ainda é o maior canal para vídeos em dispositivos móveis – como faz questão de ressaltar a Flash Networks, que levantou os dados – e não deve perder essa posição tão cedo, se é que vai perder. Mas essa é uma informação importante, principalmente quando se leva em consideração a produção amadora e pessoal de vídeos, que foi justamente o que deu origem ao YouTube.

E o YouTube está, sim, se cuidando. Nosso amigo Google é esperto e certamente já entendeu isso que estamos vendo acontecer: anunciou, para o ano que vem, a abertura de um laboratório de criação de conteúdo para a sua plataforma, em Nova York. Será que estamos vendo o YouTube dando passos no caminho do conteúdo original? Eu acredito que sim, especialmente considerando os esforços recentes por conteúdo exclusivo, com transmissões ao vivo por streaming e semanas dedicadas a assuntos específicos, como a semana de humor e a semana geek.

Por fim, se você leu isso tudo e está pensando que nada disso está chegando ao Brasil, dá uma pesquisada aí num canalzinho chamado Porta dos Fundos e depois me fala se não tem coisas mudando por aqui também.

Vinícius Calijorne trabalha com conteúdo digital, é estudante de Cinema e Publicidade e é autor desse texto, exclusivo para o Blog da Innovare.

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