O crescimento da renda do brasileiro deverá provocar mudanças profundas na economia nacional ao longo das próximas três décadas e meia, aponta estudo divulgado nesta semana pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O material, primeiro de cinco estudos que irão compor o Plano Nacional de Energia 2050 (PNE 2050), indica que a renda per capita nacional saltará do patamar de US$ 10,8 mil em 2012 para um valor entre US$ 36 mil e US$ 42 mil em 2050. O PIB nacional, por sua vez, deve crescer em média entre 3,6% e 4% ao ano até 2050.
A representatividade de cada setor da economia no PIB nacional também terá mudanças. A participação do setor de serviços, que estava em 66,6% em 2010, atingirá 70% em 2050, muito em função do aumento da renda per capita. A fatia da indústria, por outro lado, cairá de 28,1% para 24% em igual período, aponta o estudo feito pela EPE em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME). A participação da agropecuária na economia brasileira oscilará de cerca de 5% do PIB em 2010 para 6,4% em 2050, consequência do aumento de produtividade no campo.
O estudo, usado como referência para projetar o ambiente de longo prazo do setor energético brasileiro, prevê que a participação dos investimentos no PIB oscilará do patamar de 18% registrado em 2013 para um valor médio de 20,5% até 2050. Os investimentos devem ser destinados principalmente a projetos de infraestrutura, educação, inovação, habitação, saneamento e a atividade de exploração e produção de petróleo.
A previsão para as próximas décadas indica que o crescimento médio do setor de serviços ficará em 3,6% ao ano até 2050, superior ao crescimento de 3,3% ao ano projetado para o setor industrial. Na agropecuária, a variação anual projetada é de 4% em média.
Entre os destaques do estudo apontados pela EPE, chama atenção a projeção de que a frota de veículos leves do país atingirá a marca de 130 milhões de unidades, o equivalente a três vezes o número de veículos que compõem a atual frota nacional. O número de veículos por habitante passará dos atuais 0,2 para 0,6, comparável a níveis registrados atualmente em países desenvolvidos como Espanha e Alemanha, destaca a EPE.
Na balança de energia para 2050, o governo brasileiro também deverá adequar a oferta a um consumo crescente de energia a partir da maior utilização de eletrodomésticos. O estudo indica que os aparelhos de ar condicionado estarão presentes em aproximadamente 65% dos domicílios em 2050, quase três vezes o nível de 23% registrado no ano passado. Entre as lavadoras de roupa, a presença nas residências brasileiras crescerá dos atuais 68% para 94% em 2050.
“Uma das marcas desse período será o forte crescimento da renda per capita, que irá se situar nos níveis atuais da França e Alemanha”, ressaltou em nota o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim.
O estudo mostra ainda que a população brasileira ficará não apenas mais rica, mas também maior. A projeção da EPE e do MME é de que a população brasileira atingirá seu pico em 2042, composta por 228,4 milhões de habitantes, mas terminará a década com 226 milhões de pessoas. Em 2050, o domicílio padrão brasileiro terá em média 2,3 pessoas, relação semelhante àquela observada hoje na União Europeia, segundo o estudo.
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