Corrupção na política, crise econômica, miséria, falta de participação dos cidadãos nos processos decisórios, transgressão dos limites em que o planeta consegue se regenerar… são tantos os dilemas contemporâneos que me faltam dedos para enumerar. Todos eles indicam, contudo, a necessidade de buscarmos caminhos mais sustentáveis, através da criação de uma nova cultura política, da promoção da responsabilidade ambiental, da robustez econômica e da inclusão social.
Muitos acadêmicos gabaritados, organizações internacionais, governos e até mesmo empresas têm descrito caminhos para o desenvolvimento sustentável. Então por que tão pouco tem sido feito?
Ainda estamos presos a modelos retrógrados de desenvolvimento. A acumulação material é tida como um objetivo etéreo, intocável por natureza, acima dos desejos e escolhas sociais. Estes modelos apresentam uma suposta realidade em constante equilíbrio, com uma mão invisível ajustando os preços de mercado e, consequentemente, evitando quaisquer mazelas econômicas e ambientais. Intromissões desregulariam o que é “otimamente auto-regulado”.
As ameaças ambientais planetárias e a crise econômica subprime estão aí para sugerir o contrário: aquela mão não existe ou está engessada. Quando junta-se o liberalismo econômico com o darwinismo social, a coisa fica ainda mais tensa. Políticas de inclusão social não seriam recomendáveis, já que estaríamos prejudicando o processo de seleção natural: a prevalência dos mais adaptados a viver na sociedade capitalista – um discurso que é normalmente camuflado sob o termo “meritocracia”.
Por que não conseguimos deixar Adam Smith descansar em paz? Temos dificuldade de nos desapegar do passado, das roupas que já não nos servem mais. Então vamos olhar para trás, mas desta vez para a poesia, literatura e música. Quem sabe outras visões do passado nos ajudarão a olhar adiante?
Começando com a música. Nada contra o Raul, mas o meu grito é: “toca Elis!”. Que aquela linda voz ressoe aos quatro ventos dizendo que “precisamos todos rejuvenescer”. Que ela nos induza a refletir sobre tudo o que temos de tradicional: nossas trajetórias tecnológicas, as configurações institucionais e os padrões de comportamento social. Precisamos resgatar dentro de nós o espírito inquieto e questionador das crianças, refletindo sobre os caminhos que tomamos, além de ficarmos atentos a descoberta de novas oportunidades.
Do Elvis eu não sei, mas a Elis não morreu! E a voz dela está em harmônica consonância com a pena do Fernando Pessoa: “há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares”. Precisamos gerar esforços cooperativos para identificar caminhos que não conhecemos, mas que podem nos levar a destinos muito mais prósperos. Os desafios irão aparecer durante os percursos, mas podem ser superados ou contornados. Como diria Guimarães Rosa: “todo caminho da gente é resvaloso. Mas também, cair não prejudica demais. A gente levanta, a gente sobe, a gente volta!”.
De fato, nenhum caminho é imutável. As necessidades e oportunidades podem ser alteradas ao longo do tempo. Mas que não desistamos nunca de buscar um mundo melhor. E, sobretudo, que tenhamos um comportamento criativo ao perseguir os caminhos que forem deliberadamente escolhidos. Ou, nas palavras de Fernando Sabino, que “façamos da interrupção um caminho novo. Da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro!”.
Finalmente, buscar alternativas mais sustentáveis requer um apreço pela diversidade de opiniões, valores, e a integração dos diferentes anseios de futuro. Caso contrário podemos trocar o objetivo do crescimento econômico por outro diferente, porém igualmente excludente. E que nunca percamos o senso ético. Como diria Saramago, não devemos fazer nada na vida que envergonhasse as crianças que fomos!
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