Os executivos brasileiros são os mais pessimistas do mundo com relação ao desempenho da economia. Numa escala de 0 a 100, a pesquisa Panorama Global de Negócios apurou que o índice de otimismo dos diretores financeiros do Brasil (CFOs, na sigla em inglês) está em 49,5 pontos, o menor da série histórica e o mais baixo entre as economias. A pesquisa entrevistou 694 diretores financeiros que atuam nas principais economias, sendo 106 da América Latina – desses 48 brasileiros. O levantamento foi concluído em 5 de junho.
O levantamento – conduzido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Duke University e CFO Magazine – mostra que a Ásia é a região mais otimista do mundo (65,2 pontos), seguido pelos Estados Unidos (61,1), Europa (60) e América Latina (52).
“O Brasil teve um crescimento com base na política de aumento de consumo e redistribuição de renda. Essa política gerou um avanço por um determinado período, mas não se pode crescer eternamente dessa forma. Estamos numa situação em que avançamos pouco e, quando tentamos acelerar, aparece a inflação”, afirma Antonio Gledson de Carvalho, professor de finanças da FGV e codiretor da pesquisa. O estudo também teve a participação do professor de economia da FGV Klenio Barbosa.
O mau humor dos empresários também ficou evidente em outro indicador calculado pela pesquisa: 62,5% dos CFOs do país se tornaram mais pessimistas e apenas 4,2% mais otimistas.
Na economia real, o pessimismo dos executivos deverá se refletir principalmente nos investimentos. Pela primeira vez, o levantamento apontou que os CFOs estão projetando uma queda nessa área. Para os próximos 12 meses, as empresas devem reduzir os gastos de capital em 1,6%.
O emprego temporário também deverá ser afetado. A pesquisa estima uma redução de 1,6%, ante uma queda de 0,4% no levantamento anterior. “Num primeiro momento de dificuldade, as empresas começam demitindo os funcionários temporários. A redução desse grupo mostra que há um reajuste no número de empregados das empresas. Se essa tendência continuar, deve haver uma queda do emprego permanente no futuro”, afirma Carvalho. Na pesquisa atual, o emprego permanente permaneceu estável.
As principais preocupações dos empresários costumavam ser taxa de impostos, demanda e pressão dos competidores e condições de créditos. Já as preocupações atuais estão ligadas ao que governo pretende fazer nos próximos meses, especialmente em um cenário pós-Copa do Mundo e eleições.
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