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NO PASSINHO DO VOLANTE

05-04-2013
Postado por Vinícius Calijorne em Em Tela

Você provavelmente está dentro do grande grupo de pessoas que viu o novo anúncio da Mercedes Benz, que usa o funk “No Passinho do Volante” como trilha. Uma sacada que para alguns é genial, para outros é motivo de críticas.

Se ainda não viu, sua chance é essa:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=skHkv7kMAv8]

Passada a surpresa de ver um anúncio de uma marca com imagem muito sofisticada usando um funk popular, vamos pensar com menos preconceito em uma discussão que vai além de gosto musical.

Primeiro temos que observar um momento em que a cultura popular brasileira está atingindo vários níveis de estratificação social ao mesmo tempo. Não existe mais muita diferença entre os produtos culturais consumidos por pobres e ricos e temos diversas explicações pra isso: a possibilidade de encontrar praticamente o que quisermos na internet, a influência que têm as novelas em boa parte da população brasileira, ou o fato de diversos jogadores de futebol – esporte que une nosso país – fazerem frequentes referências à música do Lelek lek lek e várias outras que, em outra época, nunca seriam ouvidas com qualquer conexão àqueles que miram em um público alvo classe A. Dessa forma, por mais que assustemos com a música, a princípio, passado o choque faz sentido.

Além disso, a música parece ter sido feita para o anúncio, como um jingle. A intenção era ressaltar o sofisticado sistema de freios do Classe A, que mesmo “girando, girando, girando pra um lado” ou “girando, girando, girando pro outro” não perde a estabilidade. A outra conexão – na minha opinião, mais oportunista – está no próprio nome do carro e o “Aaaaa” que precede o nosso conhecido refrão de MC Federado e os Leleks.

Resta saber se a estratégia vai aumentar as vendas ou vai parar em um vídeo polêmico. A Mercedes não trabalha muito seu conteúdo digital no Brasil, como ressaltou o Brainstorm9 em seu comentário acerca do comercial. Logo, não é tão simples dizer sobre o posicionamento da marca. Além disso, em entrevista para a Meio e Mensagem, o criador da campanha ressaltou o argumento do momento histórico brasileiro de uma maior mistura das culturas de diferentes classes sociais. A revista também ofereceu um dado importante sobre essa linha de carros “populares” da Mercedes, que é o histórico de campanhas internacionais um pouco mais ousadas, como a do CLA no último Superbowl, que coloca Willem Dafoe como o diabo:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=b8UDCxzLfEA]

Com mais de um milhão de views em pouco menos de dois dias, o vídeo lançado no YouTube divide opiniões em um 50/50 quase exato. A favor estão os que entendem que o vídeo cumpre seu papel publicitário de gerar discussão e awareness pra marca, que está sendo lembrada e muito discutida. O principal argumento contra o anúncio discute se o funk escolhido combina com o posicionamento de marca construído pela Mercedes. Olha, eu diria que não. Aliás, eu digo que não combina e que é até um pouco incoerente. No entanto, isso é uma opinião baseada no meu próprio gosto e preconceitos. Nunca esperava ver Leleks andando de Mercedes por aí.

Mas, das duas, uma: ou vai aparecer um monte de gente andando de Classe A com o vidro abaixado cantando o Passinho do Volante bem alto (eu, se tivesse dinheiro pra isso, me colocaria nesse grupo, uma vez que já estou com Lelek no repeat mental há dois dias) ou o Caetano vai gravar uma versão bossa-nova-cool e os vidros das Mercedes permanecerão escuros e fechados.

*Vinícius Calijorne trabalha com conteúdo digital, é estudante de Cinema e Publicidade e é autor desse texto, exclusivo para o Sem Escala.

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