Falem e critiquem o quanto quiserem, mas uma das mais interessantes produtoras de conteúdo de marca é a Red Bull. Dando asas ou não, eles provavelmente não teriam muito a dizer se estivessem focados somente em seu produto, o energético. Mas a empresa tomou a acertada decisão de abraçar o aspecto jovem e investir em uma série de projetos das áreas mais diversas para engajar seu público. E vem dando certo. Confesso que não sou o maior entusiasta da maioria deles, quase sempre ligados a esportes radicais e algumas experiências surreais. Mas a Red Bull Music Academy é uma das iniciativas mais interessantes quando se trata de música contemporânea.
Um dos projetos mais bacanas desenvolvidos por eles é uma série de minidocumentários chamada H∆SHTAG$, que apresenta artistas atuais que absorveram em suas obras algumas mudanças que vieram com essa geração que cresceu digital, exposta a várias telas e com um raciocínio descontínuo que segue a lógica dos hiperlinks. Essa geração compreende a linguagem da web como nenhuma outra e percebeu que os modelos de produção cultural estavam ficando viciados e o mainstream estava perdendo sua força com o aparecimento de canais que permitiam que qualquer um tivesse o seu espaço. E desde então vimos o surgimento de vários artistas que não se encaixavam exatamente em nenhum estilo musical antes apresentado pela mídia.
No formato anterior, por não ser o modelo perfeito e causar algum estranhamento, muitos dos artistas que fazem sucesso na internet provavelmente não estariam vivendo seus momentos de fama. O mainstream é excludente, enquanto o novo modelo abre espaço, apresenta plataformas e permite uma colaboração que nunca tinha sido vista. Tudo isso graças ao não-lugar digital que aproxima as mais diversas realidades. E o que aconteceu foi que a mídia tradicional, para tentar se adaptar, começou a criar nomes de gêneros musicais alternativos, tentando encaixar os artistas que não se adaptaram aos padrões em uma nova classificação. No entanto, isso não é bem aceito por esses músicos, que dão seus depoimentos nos seis episódios de H∆SHTAG$, que sempre se chamam “Don’t call it xxxx”, sendo que o xxxx é trocado por algum desses novos estilos dos quais se tornaram, sem querer, representantes.
A música, tal como várias formas de expressão artística, vem passando por modificações significativas graças à internet. Os modelos estão mais colaborativos, o que permite uma convergência de conhecimento de áreas tangentes que é muito proveitosa, possibilitando novidades e experimentações em uma velocidade mais acelerada. Esse novo modelo, digital e wiki apresenta várias propostas interessantes e vale a pena acompanhar. A internet está recondicionando a produção musical assim como a cibercultura, como um todo, faz com a produção de arte, repensando tudo o que existe para que fique mais fiel ao zeitgeist.
Se você não conhece o H∆SHTAG$, assista aos episódios abaixo:
Para terminar, já que o assunto é música contemporânea, fica como sugestão um dos artistas que aparecem nos documentários. AlunaGeorge é o nome de um duo do Reino Unido que flerta com a música pop, o R&B e a eletrônica. Os vocais ficam por conta de Aluna Francis, produzida pelo músico George Reid. Ainda sem ter lançado um álbum completo, os dois foram indicados ao BRIT Awards, o maior prêmio da música do Reino Unido. Confira abaixo o single que os lançou e veja porque a música nos formatos contemporâneos pode ser super bacana:
*Vinícius Calijorne trabalha com conteúdo digital, é estudante de Cinema e Publicidade e é autor desse texto, exclusivo para o Blog da Innovare.
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