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EI! É COM VOCÊ MESMO QUE ESTOU FALANDO…

01-04-2013
Postado por Margarete Schmidt em Comportamento

Anice Pennini. Jornalista, Mestranda em Comunicação Social – Interações Midiáticas pela PUC Minas, Analista Master na Innovare Pesquisa.

“Preservar a natureza é algo que o outro deve fazer para que eu usufrua”, disse o participante de uma pesquisa de opinião. Chocante? É mesmo. Mas, a frase expressa verdade em muitas situações do nosso cotidiano. Qual é a distância entre as palavras e os atos? É senso comum que devemos zelar pelas boas condições do planeta. Porém, quantos abrem mão de conforto e preferências em nome da nossa linda bola azul? E em nome do vizinho, do anônimo, dos que ainda nem nasceram?

Foi assim que surgiu em um bairro nobre da região centro-sul de BH, uma árvore de fraldas. Sim, fraldas! Quando aquelas manchas brancas começaram a aparecer na copa de uma árvore frondosa, quem estava nos andares de cima dos prédios no entorno, podia vê-las. Imaginava-se ser alguma travessura de criança. Quando os estranhos frutos começaram a cair nos quintais e passeio, eis a constatação: eram fraldas geriátricas. Usadas. Por vergonha ou por desespero, ou também, por preguiça ou por raiva, descobriu-se que alguém as atirava pela janela, regularmente.

E o que dizer do comportamento das pessoas quando estão no anonimato? É só entrar em toaletes de empresas para ver aqueles recadinhos nas paredes, com dicas do tipo: “não jogue papel higiênico no chão”; “feche a torneira até o fim”. Nunca vi utilidade nesses recadinhos em banheiros frequentados por adultos. Quem está lá, já sabia como se comportar em um banheiro desde os cinco aninhos. E se sabia e não o fez, por acaso adianta bilhetinho?
É impressionante como coisas acontecem, muitas vezes bem perto de nós, para nos provar que, sem compromisso individual, não há como mudar nada. Exemplo que todos podem conferir: em alguns prédios, espaços públicos ou escolas, podem ser vistos coletores de lixo, em cores diferentes, para que as pessoas descartem metais, vidros, papéis e plásticos, separadamente. Pois é só abrir esses coletores, para verificar que, em muitos deles, não há separação nenhuma. Estão lá – juntinhos, juntinhos – os papéis, as garrafas pet, as cascas de banana, os vidros e as latinhas de refrigerante.

E a quantidade de carros nas ruas de nossa cidade e em tantas outras cidades brasileiras? Uma guerra, na qual todos somos vítimas e vilões. É difícil dirigir. Impossível estacionar. Mas estamos lá, um motorista por carro, em fila indiana, horas por dia.

Lembrei-me de um caso que li há alguns anos, mas, dessa vez, no sentido positivo. Um brasileiro foi visitar uma fábrica na Suécia, onde havia um imenso estacionamento, para que os empregados deixassem seus veículos. O visitante foi acompanhado por um trabalhador da fábrica, que dirigia seu próprio carro. Ao chegarem ao enorme pátio vazio, pois ainda faltava muito tempo para o turno começar, o trabalhador estacionou bem distante da porta de acesso à fábrica. Motivo: como estavam bem adiantados, resolveu parar longe da entrada e deixar as vagas próximas para os colegas que chegassem mais tarde. O visitante e o trabalhador tinham tempo. Podiam caminhar. Civilidade, educação, solidariedade, respeito. Cada um classifica de um jeito. Sinceramente? Uma gentileza como essa, nunca havia me ocorrido. Morri de inveja de tanta elegância.

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