Depois de alguns dias de relativa trégua em relação às manifestações com grande impacto na imprensa, de boas notícias advindas da publicação do Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM) e do resultado da pesquisa de intenção de voto publicada pelo Datafolha, que mostra uma leve recuperação da candidatura de Dilma Rousseff, nuvens negras voltam a rondar o Palácio do Planalto.
O Supremo Tribunal Federal (STF) começa nesta semana o julgamento dos recursos dos 25 condenados no chamado esquema do mensalão. Depois de pouco mais de um ano do início do julgamento, que durou em torno de quatro meses, com massiva cobertura de mídia, os primeiros anos do governo Lula voltam a fazer parte, de forma negativa, da vida cotidiana do cidadão.
Nos últimos anos, a opinião pública brasileira foi exposta a um grande conjunto de pequenas, médias e grandes doses frustrações. A pauta negativa foi mais intensa do que podemos imaginar ou recordar e foi gerada por todas as esferas de governo e poder: governos federal, estadual e municipal, Congresso Nacional e Judiciário. No quadro abaixo, pode-se ver a frequência de notícias negativas e de forte impacto na opinião pública nos últimos 10 anos. No total, podendo cometer algum erro de classificação, temos quase 200 episódios envolvendo todos os Poderes constituídos.
As lembranças dos escândalos e desmandos na vida política e brasileira não foram eliminadas, e o efeito parece ser cumulativo. O resultado é a eclosão de uma forte frustração compartilhada socialmente, não em forma de intoxicação, mas de protestos.
O Palácio do Planalto sabe que o noticiário sobre a finalização do julgamento do mensalão tem forte potencial para alterar a percepção dos eleitores sobre a aprovação do governo e, por consequência, sobre as intenções de voto para a eleição de 2014. Por outro lado, o governo não possui um conjunto de boas notícias, de curto prazo, que possa fazer frente ao que virá. Será um grande desafio de comunicação e habilidade política atravessar as próximas semanas sem contabilizar importantes estragos de imagem.
Veja abaixo o comportamento da série histórica, Pesquisas IBOPE/CNI, de aprovação do governo e da percepção de desfavorabilidade do noticiário. A correlação entre noticiário desfavorável e queda do índice de aprovação do governo é muito forte.
Além de inevitabilidade do noticiário desfavorável dos próximos dias, parece-me que o resultado final do julgamento pode impactar a imagem do governo. Por tudo que se conhece, por tudo que foi pesquisado e publicado sobre o assunto, podemos dizer que existe uma aspiração, na sociedade brasileira, de que os julgados de fato sejam condenados. Paradoxalmente aos seus desejos pessoais, tudo aquilo de que a Presidenta não precisa é que as penas sejam aliviadas, ou que os réus sejam beneficiados, perante a ótica da população, com alguma coisa parecida como o perdão. Não seria de todo inimaginável a eclosão de manifestações para que o STF mantenha a condenação dos julgados.
Nesse caso, a população não irá conceder o direito ao esquecimento.
Milton Marques, consultor da Innovare Pesquisa para projetos de opinião pública, é autor desse texto, exclusivo para o Blog da Innovare.
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