Mais da metade (56%) acredita que a situação da economia neste ano será pior do que foi em 2014 – esse é um indicador do pessimismo dos brasileiros em relação ao cenário econômico. Em março, a fatia de consumidores que apostavam numa deterioração da conjuntura era bem menor e estava em 47%, segundo pesquisa nacional do SPC Brasil e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). A pesquisa consultou cerca de 600 consumidores nas 27 capitais brasileiras na 1ª quinzena de julho.
A piora da percepção do brasileiro em relação à economia foi resultado de um cenário ruim para o emprego, a renda e o endividamento. Entre aqueles que acreditam no agravamento do cenário econômico, 61,3% consideram que a sua situação financeira hoje é pior do que no segundo semestre do ano passado. E o endividamento encabeça a lista de razões para péssimo desempenho financeiro (30,7%), seguido pela queda na renda corroída pela inflação (15,4%) e pelo aumento do desemprego (15,2%). O reflexo desse pessimismo aparece no consumo das famílias que neste ano deve registrar a primeira queda desde 2003.
O comportamento mais cauteloso nas compras fica nítido nas respostas do que os consumidores pretendem fazer para economizar nos próximos meses. Segundo a pesquisa, quase a metade (47,7%) vai deixar de consumir itens tidos como supérfluos. Nas classes mais abastadas, A e B, essa decisão foi apontada por 58,3% dos entrevistados.
Outra saída para atenuar o impacto da crise é reduzir as compras parceladas, apontada em média por 44,7% dos entrevistados, e com destaque para as classes de menor renda, C e D, com 48,3% das respostas.
Substituir a compra de itens de marcas caras por outras mais baratas também aparece como uma alternativa para administrar a crise, apontada por 29,7% dos entrevistados. Essa prática ganha mais relevância especialmente entre as classes A e B, com 36,5% das respostas.
A cautela dos consumidores na hora de ir às compras aparece também quando se avalia os itens que lideram a intenção de consumo neste semestre. Segundo a pesquisa, sete em cada dez entrevistados planejam comprar algum artigo de vestuário nos próximos meses. Já a fatia de interessados em levar para casa um eletrodoméstico, um eletrônico ou um móvel, geralmente produtos de maior valor, é de 38%, aponta a pesquisa.
Uma pesquisa do Pew Research Center já havia apontado recentemente que os brasileiros estavam entre os povos mais pessimistas em relação à economia no mundo, e um estudo da Fundação Getulio Vargas mostrou também que os executivos brasileiros estão menos otimistas em relação a questões econômicas.
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