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BLARGH!

14-05-2013
Postado por Paulo Savaget em Inovação e Desenvolvimento Sustentável

Tem um programa que passa na GNT chamado “Você é o Que Você Come”. Espero que isso não seja verdade, pois caso contrário somos bem nojentos! Aí vão algumas das coisas que ingerimos:

  • Glândulas anais de castor: se você gosta de sorvetes de baunilha ou morango, você provavelmente ingere secreções anais de castores. Trata-se de um aditivo recorrentemente utilizado – embora seja eufemisticamente rotulado como “aromatizante natural”.  Que é natural não podemos negar…
  • Arsênico: Com potencial cancerígeno, ele pode ser encontrado em cereais, como o arroz, e em diversos sucos industrializados. Recentemente foi encontrado por pesquisadores alemães em cervejas. Seja bebendo suco ou cerveja, você provavelmente irá ingerir um elemento altamente carcinogênico. Mas, se optar pela cerveja, você pode acabar esquecendo desse malefício e trocar o peso na consciência por uma dor de cabeça.
  • Cabelo humano: um aminoácido utilizado para prolongar a validade dos pães industrializados pode vir de cabelos humanos. Reza a lenda que boa parte destes aminoácidos são produzidos na China, aonde coletam cabelo nas barbearias e salões de beleza. Se quiser evitá-los, coma pães frescos, feitos artesanalmente, e evite as grandes cadeias de fast-food.
  • Silicone: sabe aqueles nuggets que as crianças tanto gostam? Apenas 50% deles é composto de frango (e, diga-se de passagem, frangos que contam com muitos hormônios de crescimento). A outra metade inclui vários elementos sintéticos. Um deles consiste no preenchimento de silicones: aquele utilizado nas cirurgias de aumento de seios.
  • Cascas de besouros: um dos famosos corantes alimentares é produzido ao ferver a casca de besouro em amônia ou em uma solução de carbonato de sódio. Está presente em salsichas e em algumas bebidas, tais como os frappuccinos do Starbucks (sim, aquele pelo qual você paga mais de 10 reais). Os seus substitutos seriam derivados de petróleo. Difícil escolher qual deles escolheria…

Todas essas “nojeiras” indicam a falta de informação que temos sobre os alimentos que consumimos. As indústrias acham eufemismos para os elementos que utilizam, ou deliberadamente ignoram as informações que podem repercutir negativamente na imagem dos produtos. Recentemente houve um escândalo na Irlanda sobre a adulteração das carnes bovinas com carne de cavalo, ‘esquecendo’ de passar esta informação aos consumidores.

Este não foi o único episódio. De fato, vários outros estão chamando a atenção pública para os alimentos que ingerimos. No Reino Unido houve uma grande controvérsia, por exemplo, no que tange aos alimentos geneticamente modificados. Embora sejam apresentados como a única solução viável para a segurança alimentar em um futuro mais densamente populoso, ainda restam muitas incertezas sobre as mazelas que os transgênicos podem nos causar.

Por outro lado, o uso de químicos apresentam diversos males à saúde. Isso serve tanto para os hormônios e antibióticos dados aos animais, como para os inseticidas e fertilizantes utilizados na agricultura. Já os fiéis defensores dos orgânicos negligenciam as informações sobre os riscos potenciais associados à transmissão de bactérias e vermes. Foi o caso, por exemplo, de 14 mortes na Alemanha, causadas pela infecção alimentar por pepinos orgânicos.

Enfim, existem diversas incertezas associadas à escolha dos alimentos. Enquanto cada vertente é apresentada como a melhor opção pelos seus defensores, a população não possui acesso a informações essenciais para a tomada de decisões. Você sabe, quando vai ao supermercado, qual produto é geneticamente modificado? Você sabia que ingere glândulas anais de castor no sorvete de baunilha?

Se prefere não saber, para evitar o nojo ou a preocupação, tudo bem. Mas aqueles que desejam ter informações sobre os produtos que consomem não deveriam ter esse direito negado.

*Paulo Savaget, sócio da Innovare Pesquisa de Mercado e Opinião e responsável pelos projetos de inovação e sustentabilidade da empresa, é autor desse texto, exclusivo para o Sem Escala.

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