Errar é humano! Tomando essa expressão popular como ponto de partida deste texto, replicamos aqui as regras que foram listadas pelo filósofo e cientista cognitivo Daniel Dennett em seu último livro: Intuition Pumps and Other Tools for Thinking. Ali, há lições para aprendermos com os próprios erros e também sugestões para diminuirmos o número de erros que cometemos.
Primeiramente, Dennet ressalta que é preciso processar o próprio fracasso. Ele aconselha: utilize seus erros a seu favor. Ao cometer um erro, respire profundamente, irrite-se e, em seguida, analise-o friamente. Segundo Dennet, seria comum nos sentirmos constrangidos e raivosos ao cometermos um erro. Para ele, as piores das raivas seriam: a autopunição; a vergonha de si próprio; e a impaciência por não ter acertado. Ou seja, o ato de não se perdoar provocaria um decréscimo no aprendizado, já que jogaria o indivíduo na circularidade da culpa, não lhe permitindo enxergar para além dela. Na proposição do cientista, só aprendem com os próprios erros aqueles que são capazes de dominar suas emoções tais como raiva, constrangimento e arrependimento, extraindo algum aprendizado do fato vivenciado. Em poucas palavras, o que Dennet sugere é: aceite sua falibilidade e aprenda inclusive quando não acerta.
Na perspectiva Dennet, todas as pessoas adoram apontar erros alheios – isso seria um exercício cruel e comum a todo ser humano. Sabendo disso, nosso cientista propõe o respeito aos nossos adversários. Diz ele: quando você observar contradições muito explícitas nos outros, aponte-as com firmeza e respeito. Ao perceber contradições pouco explícitas, procure seu adversário e vá apontando o seu raciocínio de maneira que o próprio autor do erro o perceba. Todavia, se você fica farejando erros para atirá-los sem rodeios na face de seu adversário, você costumeiramente estará cruzando a linha do respeito e isso pesará em sua imagem. Assim sendo, esqueça a perseguição e procure formular comentários críticos adequados. Para tal, ao se deparar com produtos, pessoas, fatos ou ações que merecem críticas, seja estratégico: primeiramente aponte todos os aspectos com os quais você concorda; aproveite também para expressar que aprendeu algo com o que é alvo de sua crítica (nada é de todo absolutamente ruim). Só depois de ter reconhecido os pontos válidos no que lhe foi apresentado, bem como o esforço do outro diante da referida realização é que você estará autorizado a apresentar as suas críticas. Nesse caso, vale lembrá-lo para não usar a benevolência, mas sim e sempre o máximo respeito. Criticar não é sinônimo de ferir.
Além disso, Dennet sugere que fiquemos atentos a quantas vezes usamos a palavra “certamente” em nossos diálogos ou textos. De acordo com o cientista, a palavra “certamente” sinaliza os pontos fracos dos argumentos e geralmente esconde uma explicação rasteira. Se você verbaliza um “certamente isso” ou “certamente aquilo”, sua intenção primeva seria a de levar o interlocutor a não questioná-lo. Dessa maneira, evite as certezas absolutas para não provocar atritos ou embates. Pratique o diálogo profundo e distancie-se do “certamente”.
Dennet também indica fortemente o uso da Navalha de Ockham, que nada mais é que o princípio da parcimônia, assim descrito: “Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações para um fenômeno, a mais simples é a melhor delas”. Em resumo, evite teorizações exageradas ou sem muito embasamento, seja simples, objetivo e econômico em suas palavras. Assim você errará menos.
Nosso cientista também recorre à lei de Sturgeon, que diz que 90% de tudo o que é produzido no campo das ciências, das letras e até mesmo da arte podem ser jogados fora por serem um verdadeiro lixo. A ressalva de Dennet sinaliza: respalde-se em teorias boas e respeitadas. Use exemplos preconizados e amplamente aceitos. Desse modo você tenderá a errar menos. Conclusão: estude e apoie a sua vida em conhecimento sustentável.
Por último, Dennet diz: esqueça as falsas afirmações, do tipo “o amor é apenas uma palavra”. Com afirmações desse tipo, você apenas oferecerá munição aos outros para ser criticado, pois qualquer mortal poderia provocá-lo, dizendo: “o amor não é uma simples palavra!”. Assim sendo, evite errar desnecessariamente formulando frases sem pé nem cabeça.
Diante de todos os ensinamentos de Dennet e observando o ambiente de trabalho ou mesmo o cenário acadêmico, onde é muito comum presenciarmos embates em que as pessoas procuram apontar erros nas tarefas ou nas propostas dos colegas, poderíamos também sugerir: abandone seu faro para garimpar erros e estimule seus instintos para aprender com eles. Desvista-se da autocrítica e se aceite mais do jeito que você é e do jeito que você faz as coisas, assim você também aceitará a realidade de terceiros. Como diz o ditado popular, errar é humano. E eu complementaria o ditado dizendo: respeitar e aprender com o erro é uma evolução.
Margarete Schmidt, sócia da Innovare Pesquisa de Mercado e Opinião e gestora dos projetos qualitativos da empresa, é autora desse texto, exclusivo para o Blog da Innovare.
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