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Não consigo abandonar a ideia de que estamos diante da possibilidade de pularmos em um grande precipício institucional. Estou me referindo aos possíveis desdobramentos dos escândalos envolvendo as estatais e, em especial, a Petrobras.
Se o conteúdo da delação premiada de Paulo Roberto Costa não vier à tona antes do segundo turno e se, de fato, segundo palavras dele, for suficiente para que não houvesse eleição presidencial, e confirmado o favoritismo de Dilma, estaremos diante de uma grave crise institucional de proporções imprevisíveis, quando o conteúdo for divulgado.
Até agora Dilma tem conseguido se livrar da discussão de forma muito competente. No entanto, se as denúncias confirmarem a existência de outro esquema de financiamento de campanhas e de repasse de recursos públicos para a base aliada, pela primeira vez, Dilma estará diretamente associada a um caso de desvio de recursos públicos. Dilma e o PT não suportarão outro mensalão. Se tudo for verdade, e o conteúdo for publicado antes do segundo turno, não haverá como a candidatura Dilma suportar as pressões da opinião pública. Seguramente, a sua forte e fiel base eleitoral será afetada e poderá comprometer a sua reeleição. Nada impedirá a desconstrução da imagem e reputação de Dilma.
Contudo, existe um cenário ainda mais ameaçador. Se a publicação vier à tona, e se o conteúdo for de fato o que indicam os primeiros vazamentos, depois de um segundo turno, com a vitória de Dilma, de fato viveremos uma das mais agudas crises institucionais da nossa história. A legitimidade de sua vitória eleitoral será questionada, e, com uma base opositora não desprezível, Dilma não tem hoje uma avaliação positiva na maioria dos eleitores brasileiros – veremos uma explosão de protestos e manifestações por todo o país.
Caso isso tudo aconteça, poderemos ver a formação de uma aliança impensável até alguns meses atrás. A oposição à Dilma e ao PT à direita, ao centro e à esquerda, questionando a legitimidade do processo eleitoral.
Assim mesmo, vamos caminhando para as urnas, sem clareza dos horizontes possíveis e, espero verdadeiramente estar errado, à beira do precipício.
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