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AS DÍVIDAS DA INFLAÇÃO

24-06-2015
Postado por Equipe Innovare em Innovare

A inflação está alimentando as dívidas dos brasileiros. Pelo menos quatro instituições que acompanham com lupa os índices de inadimplência (Serasa Experian, SPC Brasil, SCPC Boa Vista e Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo – Ibevar) projetam crescimento das dívidas em atraso.

Pelas contas do SPC Brasil, único dos institutos que calcula o número absoluto de inadimplentes, no fim de maio havia nada menos que 56,5 milhões de CPFs negativados no país. Significa que, de cada dez brasileiros, quatro têm alguma conta pendente. O SPC Brasil considera a inadimplência a partir do primeiro dia de atraso.

De acordo com o instituto, a alta da inadimplência em maio foi a maior desde agosto de 2014: o número de consumidores com contas atrasadas subiu 4,79% em relação ao mesmo mês do ano passado. O movimento foi puxado pelos devedores que têm entre 90 e 181 dias de atraso, o que indica que eles contraíram essas dívidas no Natal e no início de 2015. De lá até agora, a lista de inadimplentes ganhou mais dois milhões de pessoas. O SPC Brasil não tem uma série histórica, pois os números absolutos começaram a ser computados no fim de 2014.

Os dados do Banco Central (BC) mostram que a inadimplência de pessoas físicas, considerando recursos livres (exclui crédito imobiliário e rural), estava em 5,3% em abril. O BC mensura o montante de dívidas atrasadas em relação ao total de crédito ofertado. Na ponta do lápis, implica dizer que, dos cerca de R$ 800 bilhões em empréstimos tomados pelas famílias nos bancos, ao menos R$ 40 bilhões estão com atraso de mais de 90 dias.

Quando se abrem os dados do BC, por modalidade de crédito, os números são mais robustos. No rotativo do cartão de crédito, por exemplo, segmento que tem os juros mais altos do mercado (347% ao ano, segundo o BC), a inadimplência acima de 90 dias estava em 34,7% em abril frente aos 32,2% do mesmo mês do ano passado. No cheque especial, com juro anual de 226% ao ano, o calote subiu de 11,9% em abril do ano passado para 13,4% este ano, também considerando o prazo de 90 dias.

O Boa Vista considera inadimplente quem tem o CPF negativado na sua base de dados, seja num prazo de dez dias ou por mais de três meses. Contabiliza que as dívidas em atraso cresceram 3,1% entre maio de 2014 e o mesmo mês deste ano. Segundo o instituto, há menos gente quitando dívidas. Na comparação com maio do ano passado, o número de consumidores que pagou débitos e saiu da lista da inadimplência caiu 9,7%.

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