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ANALISANDO AS ELEIÇÕES #16: A DISPUTA PRESIDENCIAL PROMETE FORTES EMBATES E EMOÇÕES

08-10-2014
Postado por Milton Marques em Palavrizar
A coluna Palavrizar e a série Analisando as Eleições contêm textos autorais em que Milton Marques, nosso consultor para assuntos de opinião pública, expressa suas opiniões sobre assuntos da atualidade. Clique aqui para conhecer mais textos assinados por ele.

Depois de apurados os votos e apaziguada a perplexidade com os resultados das eleições no dia 5 de outubro, os possíveis cenários começam a serem traçados e analisados. Ainda sem nenhum resultado de pesquisa – que saiu do processo com um grave e grande arranhão de imagem e reputação – que reflita os movimentos do segundo turno, podemos estabelecer alguns parâmetros para a disputa.

Aécio Neves começa a eleição em alta, por várias razões. Chegou com um percentual de votos muito acima de qualquer expectativa e com resultados importantes em vários estados brasileiros. De imediato começa a receber apoios de diversas frentes políticas e partidárias, antigas e novas alianças vão se consolidando e conferindo maior robustez à campanha tucana. O mais importante deles poderá ser o de Marina Silva, que ao negociar pontos que ela e seus aliados consideram como fundamentais em seu programa de governo, pode transferir uma parcela não desprezível de sua votação para Aécio Neves. Dois sentimentos estão muito presentes no eleitorado que não votou em Dilma: o primeiro é de mudança. Parte do eleitorado manifesta esse sentimento desde as manifestações de meio do ano de 2013. O segundo, também inegável para qualquer observador atento, é o desejo de segmentos de renda e escolaridade mais elevada de derrotar o PT. Conta ainda Aécio com os imponderáveis que poderão vir das séries de depoimentos e vazamentos de informações envolvendo casos de corrupção em empresas estatais.

O PSDB reúne um conjunto de condições de disputa, no segundo turno, que não estavam presentes em outras ocasiões – por duas vezes com José Serra e outra com Geraldo Alckmin. Estaremos, por todas as razões descritas acima, diante de uma candidatura muito competitiva.

Dilma começa o segundo turno com um tamanho menor do que obteve na última eleição e com problemas eleitorais no sudeste – notadamente no estado de São Paulo  –, região sul e com votação abaixo das expectativas no centro-oeste. Obteve grande sucesso em sua estratégia de desconstruir Marina Silva e escolher a candidatura tucana como inimigo preferencial. No entanto, parece ter errado na dose e na natureza do esforço de desconstrução de Marina Silva, criando a impossibilidade de obter dela o apoio e até mesmo neutralidade em um segundo turno.  De forma consciente e planejada, deixou o embate contra o PSDB para o segundo turno, quando supostamente estaria enfrentando um partido conhecido e mais fácil de ser derrotado, bastaria o confronto de resultados dos dois períodos de governo e uma desconstrução de imagem de Aécio Neves – ao estilo do que foi feito com Marina Silva. Até antes da totalização dos votos parecia que o PT  e a candidata estavam com pleno controle do processo eleitoral. Não contavam com um revés em relação ao volume total de votos obtidos – a campanha de Dilma não escondia a crença na possibilidade de resolver a campanha já em primeiro turno – e com o crescimento “repentino” da candidatura tucana. Tudo somado torna a reeleição mais complicada. Uma eleição cheia de acidentes e incidentes, e com uma agenda de apurações de denúncias fortemente ameaçadoras para Dilma. Por outro lado, a candidatura do PT tem um conjunto – cerca de 40% – de eleitores brasileiros que são fieis e inabaláveis em sua intenção de voto. A candidatura Dilma não tardará em abrir a “caixa de ferramentas” para bater forte em Aécio Neves e no PSDB, e os efeitos antes previsíveis agora podem não surtir os mesmos resultados. No entanto, sem sombra de dúvidas, nos próximos dias, veremos uma série de acusações de natureza pessoal, política e sobre a gestão de Aécio Neves no governo de Minas Gerais e do PSDB em São Paulo.

Ambos devem partir de um patamar de intenções de voto muito próximos um do outro, portanto, cada fatia de eleitores será disputada palmo a palmo. Estaremos diante da mais disputada eleição presidencial, mais até mesmo do que a de 1989. E será também, a mais acirrada do ponto de vista de acusações e insultos que serão trocados por ambas os candidatos. Vai ser “sanguinolenta”.

Não existe mais candidatura favorita. Aécio não terá facilidades, o “guardado” pode ser impactante e decisivo. E o PT poderá amargurar o que fez com Marina Silva: tê-la tirado da disputa, pela natureza do que foi feito, pode ter sido um erro fatal e facilitar a vitória de Aécio no segundo turno.

É um segundo turno que será vencido por nocaute.

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